A cultura indiana é cheia de belezas: a comida, as roupas, a espiritualidade, a música, Bollywood! Mas ela é, em contrapartida, extremamente machista. Você sabia que, por exemplo, mulheres (principalmente turistas) são aconselhadas a não saírem na rua sozinha depois das 18h por ser algo extremamente perigoso? Estranho pensar em um país em que os homens têm liberdade para, literalmente, usarem garotas. Sem contar no casamento infantil, que ainda é uma triste realidade para algumas indianas. E em um cenário como esse, é de se esperar que as mulheres encontrem o mínimo de apoio e segurança nas autoridades, certo? Errado. De acordo com o Washington Post, em Bijapur, no estado da Karnataka, cerca de 16 mulheres foram estupradas na primeira semana de janeiro pela polícia indiana, que, teoricamente, é colocada em pequenas vilas para proteger os moradores contra ataques do Maoist, grupo rebelde comunista.
Ainda segundo a publicação, no último domingo, 8, a Comissão Nacional de Direitos Humanos foi comunicada sobre o crime em massa, que começou a ser investigado. Entre as vítimas, estava uma garota de apenas 14 anos, que, de acordo com o relatório, foi abusada não só sexualmente, mas psicologicamente. Apesar de os nomes dos policiais terem sido dados, nada até o momento foi feito contra tais autoridades, que abusam do poder e, acima de tudo, da condição de serem do sexo masculino.
Infelizmente, o saque de pequenas vilas indianas ainda é muito comum e, com eles, o estupro em massa. E se as mulheres já precisavam se preocupar com grupos rebeldes e até mesmo com seus maridos (o estupro dentro do casamento é legalmente permitido por lá), agora elas têm mais uma preocupação: a própria polícia da Índia que, teoricamente, deveria protegê-las. “Eles estão conduzindo uma falsa investigação e tentando ofuscar o caso”, afirma Kishore Narayan, advogado das vítimas, em entrevista ao canal Al Jazira.