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Polícia é acusada de racismo e violência religiosa no caso Lázaro Barbosa

"Esqueceram de procurar o Lázaro e estão caçando as lideranças afro", lamenta Tata Ngunzetala, líder do candomblé e da umbanda

Por Da Redação Atualizado em 21 jun 2021, 10h46 - Publicado em 21 jun 2021, 10h45
Ao centro, modelo usa cropped azul de manga comprida. Ela está com uma das mãos na cintura, sorrindo. De um lado, a frase
Marisa/Divulgação

No dia 16 de junho, saiu a notícia de que Lázaro Barbosa, de 32 anos, conhecido como o “Serial Killer de Brasília”, teria sacrificado Cleonice Marques de Andrade, de 43, em um ritual satânico. A própria polícia divulgou a informação junto de algumas fotos que disseram ser da casa da mãe do maníaco e de alguns esconderijos dele identificados. Lideranças religiosas de alguns distritos de Goiás, como Águas Lindas, contudo, afirmam que as imagens liberadas pelas autoridades são, na realidade, de espaços tradicionais de religiões de matriz africana.

Imagem de uma cruz invertida desenhada na parede. À direita, a mug shot do Serial Killer de Brasília. Ele é moreno, tem uma franja lateral e bigode
Imagem de uma cruz invertida que foi encontrada, segundo a polícia, em um dos esconderijos de Lázaro Barbosa e tem ligação, também de acordo com as autoridades, com religiões de matriz africana PC/DF/Divulgação

Tata Ngunzetala, líder do candomblé de angola e umbanda, que cuida de mais de 30 casas na região de Águas Lindas, disse que, no último sábado, 19, teve um espaço seu invadido duas vezes por policiais, que já entraram perguntando quando foi a última vez que os presentes no local haviam visto Lázaro. Segundo Ngunzetala, nem adiantou tentar argumentar com as autoridades, que seguiram colocando a casa e as lideranças sob suspeita, mesmo que eles continuassem garantindo que não conheciam o foragido. “Estou falando pela dor de muitas casas, sofrendo invasões constantes de polícias de vários comandos, não dá nem para saber qual, violando nossos sagrados, colocando rifles na nossa cabeça sob acusação de que estamos acoitando o Lázaro“, denunciou.

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O líder revelou ainda que a situação se repetiu por três dias consecutivos e que ele chegou a ter seu celular e computador vasculhados “sem mandado judicial, sem nenhuma acusação formal, nada que me vincule e vincule nossas casas de tradição ao que eles estão buscando”.

Em um vídeo que circula na internet, o pai de santo André Vicente de Souza conta que policiais invadiram seu espaço, bateram no caseiro, quebraram coisas, apontaram armas e tiraram sem autorização fotos de objetos religiosos. O caso também aconteceu em Águas Lindas de Goiás e foi registrado na 1ª Delegacia Distrital de Polícia na última sexta-feira, 18. “Eu tive dizer que tinha 80 anos e pedir se podiam me respeitar”, lamentou a liderança religiosa. “Estão nos procurando, estão nos caçando. Esqueceram de procurar o Lázaro. Estão caçando as lideranças afro”, revoltou-se o líder Tata Ngunzetala em entrevista ao jornal O GLOBO.

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Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás informou que a “força-tarefa composta de policiais de GO, DF, polícias Federal e Rodoviária Federal está trabalhando com um único propósito: garantir a paz a população da região e capturar Lázaro Barbosa, nos limites da legalidade”. Importante ressaltar que, no Brasil, as religiões de matriz africana são alvo de 59% dos crimes de intolerância, segundo mostra relatório do IBGE de 2019. Na maioria das vezes, essa intolerância é usada para compartilhar fake news pautadas em cima de preconceitos e racismos, e instigar um ódio gratuito em pessoa que ainda possuem esse racismo estrutural bastante enraizado nelas.

ESPOSA DE LÁZARO BARBOSA ACUSA POLICIAIS DE TORTURA

Em entrevista transmitida no Domingo Espetacular, da Record TV, no último domingo, 20, a esposa do “Serial Killer de Brasília” contou ao jornalista Roberto Cabrini que foi ameaçada pela polícia além de ter sido agredida fisicamente por ela.

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A jovem de 19 anos, que preferiu não ser identificada e com quem Lázaro Barbosa tem uma filha de 2 anos, contou que, além de tapas, um policial chegou a ameaça-la com um cabo de vassoura, mesmo ela repetindo que não sabia onde o marido estava escondido. “Isso é um abuso, eles não podem bater na gente assim”, lamentou.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás também foi acionada. Em outra nota, ela esclareceu que as autoridades agem de acordo com protocolos e que as denúncias em questão serão apuradas.

As buscas por Lázaro Barbosa já completam quase duas semanas e cerca de 270 homens estão mobilizados. Na última semana, supostos vídeos publicados por policiais no TikTok revoltaram a população, que acredita que eles deveriam estar focados na ação e não em “alimentar” as redes. Em uma das postagens, o policial filmou ele mesmo apontando para a câmera uma arma de fogo enquanto aparece uma mensagem motivacional na tela e toca a música Take Me To The Chruch, do Hozier, de fundo.

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Polícia é acusada de racismo e violência religiosa no caso Lázaro Barbosa
Comportamento
Polícia é acusada de racismo e violência religiosa no caso Lázaro Barbosa
"Esqueceram de procurar o Lázaro e estão caçando as lideranças afro", lamenta Tata Ngunzetala, líder do candomblé e da umbanda

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