Machuca ouvir que uma das maiores belezas do Brasil está envolvida em um crime ambiental – porque acidente parece um termo injusto demais para o que está acontecendo nas praias do Nordeste. No dia 2 de setembro, as primeiras manchas de petróleo começaram a aparecer entre Alagoas e Pernambuco. Desde então, o rastro poluente só vem aumentando, tendo chegado a 2.100 km de extensão, 138 praias e 62 cidades. É o maior desastre ambiental da história do litoral brasileiro, de acordo com o Ibama.
De acordo com os últimos levantamentos realizados pelo instituto, a mancha mais ao norte fica em Alcântara, no Maranhão. O ponto mais ao sul dela fica em Esplanada, na Bahia. Foram encontrados resquícios de petróleo até mesmo no Rio São Francisco. Marcelo Amorim, coordenador-geral de Emergências Ambientais do Ibama, explica que não se sabe ainda quem começou o vazamento e que todas as hipóteses estão sendo investigadas, inclusive a levantada inicialmente pelo presidente Jair Bolsonaro de que o derramamento de petróleo tenha sido criminoso. Preocupado com a repercussão da sua afirmação, ele voltou atrás logo em seguida, corrigindo a fala para “quase certeza de que foi criminoso”.
“Uma delas [das hipóteses] é que um petroleiro que tenha lavado o seu tanque de petróleo. Existe um tanque que absorve essa água com borra, que não deixa de ser petróleo cru. Por algum motivo, em vez de parar no porto e dispensar, ele sai navegando e liberando numa passagem que tenha feito ao longo do Brasil, na altura de Alagoas e Pernambuco”, conta Amorim, que explica ainda que as correntes marítimas naturais estão ajudando a espalhar as machas, algo que não dá para se interromper.
Foi especulada a possibilidade de que a Venezuela estaria envolvida no desastre, mas o país, é claro, nega. “A PDVSA [empresa petroleira venezuelana] nega categoricamente as declarações do ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, que acusa a Venezuela de ser responsável pelo petróleo que contaminou as praias do nordeste do Brasil desde o começo de setembro”, informou em comunicado oficial.
Apesar de as manchas serem bastante densas e ficarem localizadas na superfície, evitando uma tragédia ainda maior, os danos já são altos, principalmente àqueles animais que não vivem nas profundezas dos oceanos. Tartarugas, aves e peixes-boi são os maiores ameaçados e já estão sentindo na pele as ações danosas do ser humano ao meio ambiente. Mais uma pra conta.
Muitas praias estão recebendo ações de limpeza, várias delas organizadas por voluntários. A Petrobrás também entrou em ação para ajudar a limpar as manchas de óleo, assim como a Marinha Brasileira.