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Para Vitor Fadul, ser um artista autista é sinônimo de transformação

O cantor, diagnosticado com o TEA, mostra como o seu ser diferente também é normal

Por Mavi Faria Atualizado em 24 jun 2024, 12h19 - Publicado em 22 jun 2024, 13h00
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e alguém ainda é capaz de pensar que um diagnóstico de autismo o fim dos sonhos e de uma carreira de sucesso, Vitor Fadul existe para transformar essa ideia tão equivocada. Aos 28 anos, o cantor diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista, conversa com a CAPRICHO na semana em que é celebrado Orgulho Autista para contar sobre ser um cantor autista.

O diagnóstico tardio foi recebido aos 25 anos como uma explicação de todos os porquês que o afastavam da normalidade, tão esperada socialmente mas nunca alcançada por Vitor. “A minha vida inteira eu sofri por uma normalidade sem ter essa consciência de que essa normalidade não fazia e não tinha como fazer parte de mim. Foi um susto, porque eu me dei conta de algo que, se eu soubesse um pouco antes, teria feito toda a diferença”, explica.

Vitor vê essas crenças como prisões que já o cercaram e que agora já não o pertencem mais. Afinal, o jeito e forma de processar ideias, para uma pessoa autista, é muito diferente do que é entendido socialmente como ‘normal’ e tentar equiparar esses funcionamentos tão distintos causa muito sofrimento. Por isso, não é difícil tentar entender o alívio com que ele conta como “ao saber do diagnóstico, eu entendi porque eu faço as coisas como faço, agora eu sei porque minha música é assim, porque ela é tão diferente, de forma positiva“.

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Foi a partir deste momento que ele percebeu como, com os recursos médicos que tinha, poderia entender melhor o autismo e finalmente desconstruir todas as crenças limitantes que foi desenvolvendo ao longo da sua vida“. O processo de entender o que é o autismo e como lidar com ele é descrito por Vitor como de “me apossar mais de mim”, a medida que desenrola traumas que não lhe pertencem mais.

Ser um autista artista

A compreensão sobre si mesmo, o famoso autoconhecimento, foi um dos principais pontos que, segundo Vitor, lhe deram mais autonomia para ser quem ele é, já que agora suas dúvidas tinham um nome, um diagnóstico e um meio de lidar. “Vai impactar e me dar mais autonomia de ser como eu sou, entendendo que aquilo, esse ser diferente é apenas mais uma forma de ser normal, de ser sociável“, pontua.

Contudo, não foi o diagnóstico que o levou a ser ele; entender que é uma pessoa autista apenas facilitou sua compreensão sobre si, até porque seus jeitos, modos e formas sempre foram dele. Tanto que, antes e depois do diagnóstico – em especial depois -, Vitor se define como uma transformação.

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“Invariavelmente, eu fui provocando, na vida das pessoas, para elas se tornarem pessoas diferentes, porque elas são obrigadas, para lidarem comigo, a saírem do senso comum e entenderam aquilo que elas não entendiam; elas se transformam“.

Seja transformando as pessoas e os espaços a entenderem formas fora da ‘normalidade’, ou instigando-as a persistirem seus sonhos ao ser um exemplo, para o cantor, a transformação é viva, como a de uma lagarta até uma borboleta, como ele mesmo explica.

Seu entendimento de ser uma transformação e de passar por esse processo é tão relacionado com o de uma borboleta que ele possui um carinho especial pelo animal. “Não à toa, meu primeiro álbum de estúdio se chama Panapaná, o coletivo de borboleta, porque eu falo sobre a transformação, sobre esse ser que está se transforma e voa na perspectiva da levitação”.

O ‘transformar’ também se expande para a conscientização social sobre o autismo, à medida que falar sobre o TEA, para o cantor, causa curiosidade e interesse de saber o que é e do que se trata. Mesmo reações negativas são vistas por Vitor como possibilidade de um diálogo futuro, de uma pessoa que pode vir a entender melhor o que o autismo realmente é. Além disso, ser um artista autista é ser um exemplo para outros artistas que possam ter medo de se debruçarem na arte por qualquer ideia equivocada. “Eu espero que outros autistas, que eventualmente sonham em ser artistas, possam ter essa essa referência em mim, de que é possível“, comenta esperançoso.

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Comportamento
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O cantor, diagnosticado com o TEA, mostra como o seu ser diferente também é normal

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