Comportamento

O vape virou a porta de entrada dos jovens para o tabagismo

Neste Dia Mundial Sem Tabaco, discutimos o aumento do fumo entre a nossa galera e listamos dicas para quem quer largar o vape

Por Juliana Morales 31 Maio 2024, 15h00

Ilustração de vários mãos segurando modelos diferentes de vapes — Alina Beketova/Getty Images

apo sério, pessoal. Nesta sexta-feira (31) é o Dia Mundial Sem Tabaco. E, neste ano, Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu como foco da campanha de conscientização a nossa galera. Isso porque a estimativa é de que 37 milhões de jovens, entre 13 e 15 anos, consumam tabaco e a nova porta de entrada para o fumo nesse público é o cigarro eletrônico, também conhecido como vape.

Segundo dados do Ministério da Saúde, crianças e adolescentes que usam cigarros eletrônicos têm pelo menos duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros mais tarde na vida. Sem contar que a ideia do uso desses dispositivos como alternativa menos prejudicial ao tabagismo convencional é um argumento enganoso. Muitas vezes, os vapes possuem uma concentração muito maior de nicotina e conseguem elevar os níveis do vício.

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Recentemente, influenciadores como Foganoli, Fefe e JP. Motta compartilharam os desafios de parar de fumar nas redes, com a hashtag #SemNicotina. O objetivo era influenciar a galera a também largar o vício, mas eles não negaram as dificuldades que estavam enfrentando. Alteração de humor, tremedeira, dores de cabeça, tontura e até delírio foram alguns dos sintomas que eles sentiram no começo do processo. Mas, ó, se você vai entrar nesse movimento também para parar de fumar, não desanime. Com acompanhamento médico e boas estratégias, dá para amenizar um pouco as dificuldades.

Mas quando é hora de buscar ajuda para parar de fumar?

Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, destaca que, muitas vezes, a dependência não é algo fácil de ser percebido. O consumo do cigarro pode começar em pequenas quantidades e em “ocasiões especiais” e isso se tornar cada vez mais intenso e frequente. “Quando a pessoa começa a precisar de uma quantidade maior da substância para atingir a mesma satisfação já é um sinal da tolerância, que é um dos componentes da dependência “, explica o médico.

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Gustavo diz que é comum pensamentos ambivalentes na hora de largar o cigarro. As pessoas, muitas vezes, têm vontade de parar de fumar, mas ficam preocupadas em ficarem muito impacientes, perderem a produtividade e até criatividade no trabalho, terem um aumento significativo de apetite. Todas essas preocupações podem virar sabotadores na luta contra o tabaco e a nicotina.

“Todos esses sentimentos são abordados em um consulta especializada, em que o profissional vai auxiliar o paciente a desenvolver estratégias tanto para mitigar os sintomas da abstinência quanto aumentar a chance de sucesso na cessação do tabagismo”, diz.

Uma dica que é importante incluir no dia a dia é buscar identificar os gatilhos que levam ao consumo ou a manutenção do consumo. Em quais situações você sente mais vontade de fumar? Como seu estado emocional está impactando a necessidade do cigarro?

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Chicletes de nicotina são uma boa ideia?

Além de cuidar da saúde mental durante o processo de parar de fumar (e sempre), em alguns casos, quando necessário, existe a possibilidade de recorrer a medicamentos para lidar com os sintomas da abstinência. “Assim como existem medicamentos que são tradicionalmente usados para parar de fumar cigarro tradicional, já tem estudos que mostram a eficácia para tratar a dependência do vape”, diz o pneumologista.

Os influenciadores da campanha Sem Nicotina fizeram o uso do chiclete de nicotina para aliviar a vontade de fumar e muitas pessoas ficaram em dúvida sobre o método. Gustavo afirma que chicletes, pastilhas e adesivos de nicotina são tratamentos pertinentes, sim. Diferentes dos cigarros, quando se faz o uso desses métodos, não acontece aquele pico muito rápido da nicotina no organismo, que gera dependência. Os chicletes e pastilhas tem um tempo de efeito mais lento e uma duração mais longa, assim ajuda na redução progressiva da dose de nicotina, na fase de desmame até a retirada.

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Sim, parar de fumar pode ser um processo longo e árduo, mas, acredite, vale muito a pena. “Os benefícios da interrupção do tabagismo, seja de cigarros convencionais ou de cigarros eletrônicos, são instantâneos. Os riscos de eventos cardiovasculares e circulatórios começam a reduzir imediatamente após a interrupção do consumo”, enfatiza o médico.