esmo que a adolescência traga emoções e vivências comuns aos jovens, ela se dá de formas e proporções diferentes para cada um. Afinal, além da subjetividade do indivíduo, é impossível ignorar os diferentes contextos sociais, econômicos e culturais que existem em um país como o Brasil. Isso é fato. Mas aí surge o questionamento: o que une, então, essa juventude tão diversa?
Bom, seria possível citar uma série de aspectos geracionais para responder essa pergunta. No entanto, ela também poderia ser explicada com uma única palavra: desobediência.
Sim, esse termo foi e ainda pode ser visto por muitos com um viés negativo de algo fora da lei, mas aqui na CAPRICHO ele é ressignificado e abraçado para expressar a inquietude e coragem de toda a nossa galera – de norte a sul do nosso país.
‘Qual é o meu lugar?’
Para Eduardo Rodrigues, o Edu da Galera CAPRICHO 2024, desobediência é qualquer ato que saia dos padrões. “É quando, no dia do brinquedo, você leva uma Barbie ao invés de uma bola. Ou, no teatro, quando o menino afeminado quer ser a Emília e não o Pedrinho”, diz.
Hoje, aos 16 anos, para Edu, que vive na pequena cidade de Capinzal, Santa Catarina, desobedecer também significa “enfrentar qualquer preconceito para lutar pela sua arte” e não ter medo de aceitar seu destino: “eu vou ser uma Drag”, comemora.
Emanuele Assereuy, 17 anos, vive em Serra, no Espírito Santo, e enxerga o ato de desobedecer como uma maneira de se expressar e promover justiça e igualdade. Para ela, é sobre questionar as normas injustas e preconceitos, como os citados por Edu, e lutar por um mundo melhor. Essa é uma missão nobre e necessária da juventude em que ela faz parte.
A desobediência, canalizada de forma construtiva, pode ser uma força poderosa para o bem. Ela pode desafiar o status quo, promover mudanças positivas e encorajar a inovação.
Manu, integrante da Galera CAPRICHO 2024
‘O que faz sentido para mim?’
Aos 15 anos, Isabella Cidrônio acredita que a desobediência vai além de questionar e não obedecer ordens. “É a liberdade de analisar, criticar e repensar. Ter a coragem de saber o que deve ser mudado e fazer a mudança acontecer”, explica.
Ela sabe o poder que isso tem, mas sente que não exerce o suficiente. Isa passou boa parte da sua vida estudando em uma escola militar em Manaus, Amazônia, onde vive com a família. “Abaixar a cabeça, sem questionar, foi uma das coisas que mais fiz na minha vida”, lamenta.
Isso começou a mudar ao entrar em uma nova escola no ano passado. Aos poucos, surgiram mudanças no visual, no jeito de pensar e de se manifestar. Agora, ela quer mais. “Eu acredito que aprender a desobedecer vai ser um processo longo, mas alcançável”, diz cheia de esperança.
Paola Eduarda, a Lola, de 17 anos, diria que a Isa já desobedece. Para a jovem de Guarulhos, São Paulo, desobediência é “tentar se encontrar como ser humano e fazer novas descobertas”. Sim, ser desobediente com suas próprias decisões e emoções. “É se reinventar como pessoa, sendo você mesmo, com a sua essência e aura”.
A carioca de Nova Iguaçu Duanne Rodrigues, 17 anos, também entende que a desobediência é algo que acontece dentro da pessoa. É no interior que questionamos o que faz sentido e o que precisa ser rompido.
Muitas vezes, a sociedade impõe uma coisa e você já nasce com aquilo na sua cabeça. Mas aí você cresce e precisa questionar se realmente faz sentido para você, não para as pessoas. Isso é desobediência.
Duanne, integrante da Galera CAPRICHO 2024
Para o Gabriel do Carmo, 18 anos, desobedecer é um exercício diário de encarar os desafios e seguir em frente – quando há a possibilidade de desistir e jogar tudo para o ar. Nem sempre é confortável, mas vale a pena, diz Gabriel por experiência própria.
Ele dá o exemplo de quando escolheu fazer uma universidade em Campina Grande, Paraíba: “Seria bem mais fácil se eu escolhesse estudar em Pernambuco, perto da minha família, com meus colegas, mas eu me desobedeci e me permiti viver coisas novas”.
Então, seja qual for sua forma de desobedecer, ela deve te fazer crescer e defender quem você é. É nisso que a nossa galera acredita.
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