Quantas vezes a gente já não se decepcionou com um boy que parecia ter tudo para ser o tal do “the one”? Mas bastou uma rápida convivência para perceber que não era bem assim. E o ranço é real! Uma vez que ele se instaura, conviver com a pessoa fica insuportável. Mas quando é só ranço, menos mal. O problema é que, em muitos casos, o encantamento acaba por questões bem mais problemáticas. E aí não tem origem que justifique os atos.
Ai, Shayan… Que decepção! Escrevo este texto muito, muito triste, porque, quando comecei a assistir Casamento às Cegas Brasil, me encantei por você como a Ana também se encantou. Te achei fofo, bonito, bem-humorado, família, desconstruído num bom sentido… Quem eu não suportava mesmo era o Thiago. Daí veio o plot twist.
Comecei a me sentir incomodada com o fato da participante relatar constantemente que o até então noivo mudava de personalidade quando as câmeras eram desligadas. Dizem que ninguém é igual quando está sendo filmado, mas mudar completamente é assustador! Daí veio o papel de vítima. E não estou me baseando nas falas da Ana Prado ou na edição da Netflix. Estou me baseando no que eu vi e em coisas que foram ditas pelo próprio iraniano. Achei típico de homens que dizem ser uma coisa, mas são outra bem diferente. Lembrei-me de alguns relacionamentos passados. Me deu um frio na espinha. Gatilho.
Inclusive, Shayan Haghbin usa frequentemente o fato de ser natural do Irã para justificar atitudes e falas, como se ele fosse incompreendido em um país estrangeiro, por ter costumes tão diferentes. Não estou aqui julgando a realidade de um imigrante – que tende a ser extremamente complicada mesmo -, mas não dá para usar as origens como desculpa para tudo. Assim como não dá para usar a liberdade de expressão. Ainda mais quando essa mesma pessoa diz não gostar de ter a cabeça fechada, declaração Shayan que fez durante participação no Pod Dar Prado, podcast da Gabi Prado. A conta não fecha.
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O cúmulo pra mim foi outra declaração dada no programa. Shay disse assim: “Por que a gente fala de feminismo, machismo, de homem, mulher, preto, branco, gringo, nacional, não sei o quê… Por que a gente não fala sobre seres humanos?”. Pensei: “Putz, lá vem o defensor do humanismo!”. É triste quando um posicionamento do tipo sai da boca de uma mulher, mas é até compreensível, dada a sociedade em que vivemos e o ambiente em que muitas de nós crescemos. Agora, quando sai da boca de um homem, é inadmissível. Simplesmente porque ignora questões que não podem mais ser ignoradas, como desigualdades de gênero e racial. Não tem nada mais óbvio do que dizer que todos nós somos seres humanos. É tipo dizer que todos nós vivemos na Terra, que é um planeta, redondo, por sinal, e faz parte da Via Láctea. É um fato. Só que as nuances e as vivências dos seres humanos são muitas, complexas e diferentes – e Shay, mais do que ninguém, deveria saber disso -, então não dá pra colocar todo mundo no mesmo patamar, como se todos estivessem em pé de igualdade só porque são Homo sapiens. Porque é justamente isso que pessoas que defendem esse tal de humanismo fazem. É alienação pura.
Geralmente, e curiosamente, essas pessoas costumam fazer parte de algum padrão mais socialmente aceito, de uma maioria. No caso do Shay, apesar de ser um imigrante, ele continua sendo um homem cis e heterossexual. Moreno, alto, bonito e sensual, como diria aquela música dos anos 80. Fez o maior sucesso por causa da aparência, inclusive. Está numa posição de conforto, entende? Como a maioria dos homens que desdém de movimentos como o feminista – ou que tem medo deles. “É o direito das mulheres, né?”, disse em um episódio do reality, na tentativa de defender Ana. Mas para mim, já naquele momento, soou meio como “vamos fazer uma média”. E o ranço nem tinha se instaurado ainda, pra deixar claro. Se suas falas não condizem com seus atos, então é pura ficção, não é realidade. É cena, como aquela que Shay fez no final do reencontro de Casamento às Cegas Brasil, quando, mais uma vez, se colocou como vítima da situação e tentou jogar a culpa na mulher, fazendo Ana se passar por louca, de novo.
No fim, somos todos um pouco vilões. Talvez, eu seja um pouco vilã por estar escrevendo este texto. Mas quero grifar EM LETRA GARRAFAIS que não considero o Shayan um vilão. Nem o Thiago, nem o Hudson, nem o Rodrigo, nem nenhum integrante masculino que participou do reality da Netflix. Eu os considero homens. E não é nem desculpa pra passar pano, vide tudo o que escrevi anteriormente. É fato. E a quantidade de homem que tem por aí se achando evoluidão, quando, na verdade, não passa de um moleque, é enorme. O meu desejo? Que eles cresçam, porque estão ficando cada vez mais atrasados com relação ao mundo.
E ninguém está te acatando aqui, viu, Shayan? Você deve ser até uma pessoal legal, até porque ninguém que ama a Vovó Palmirinha e dá um selinho nela pode ser ruim. Mas também não dá para te defender mais. Bora cair na real.
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Viva Ana, Carol, Nanda, Luana, Day, Camila… Viva as mulheres! E viva aqueles que são de verdade e estão dispostos a aprender e admitir erros, e não que apenas fingem estar.