ecém-lançada na Max, a adaptação cinematográfica do livro ‘Tartarugas Até Lá Embaixo’, de John Green, é uma mistura de temáticas adolescentes com questões séries, algo comum nos best-seller do autor. Entretanto, ‘Tartarugas Até Lá Embaixo’ possui um diferencial em comparação com as outras produções de Green: a protagonista tem Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), diagnóstico que o autor também possui.
Na trama, Aza (Isabela Merced) é uma jovem que enfrenta desafios diários para lidar com o TOC que, em seu caso, é com fluidos corporais e parasitas, como bactérias e micróbios. O medo irracional de ser infectada por estes organismos leva Aza a crises de ansiedade intensas e a um processo que ela descreve como uma espiral de pensamentos incontroláveis.
O termo tenta explicar como os pensamentos intrusivos sobre germes, ao começaram a surgir, criam uma espiral de pensamentos cada vez mais intensos. Nestes momentos, um dos rituais que ela faz é o de reabrir um machucado no dedo e limpá-lo com álcool em gel para tirar o foco da mente da espiral e aliviar o medo.
As crises de Aza no filme não deixam dúvidas de como o TOC é uma doença controladora e muito agoniante, garantindo o retrato mais verossímil possível de quem convive com o transtorno. É o que afirma John Green, diagnosticado com TOC há alguns anos, em entrevista à Veja.
“Senti que minha experiência com o TOC era muito mais próxima do que é retratado neste filme do que em qualquer outra coisa que eu já tenha visto”, afirma. “É uma história honesta sobre o TOC”.
Em um vídeo para a Editora Intrínseca, na época do lançamento do livro, ele comentou sobre como escrever o TOC na Aza foi importante para sua compreensão sobre a própria condição, embora tenha afirmado que a história dela seja ficcional. O TOC deles, por exemplo, são com coisas diferentes: enquanto o de Aza é com germes, o de John Green é com alimentos envenenados.
“Do nada, eu cismo que minha comida está contaminada ou envenenada e, quando me dou conta, não consigo pensar em nada além disso. Ou estou pensando nisso, ou estou tentando parar de pensar nisso. O tempo todo”, afirma no vídeo.
O que é TOC?
O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um transtorno mental caracterizado pela presença de obsessões e/ou de compulsões. As obsessões são os pensamentos, impulsos ou imagens intrusivas que invadem a consciência do indivíduo e causam ansiedade, estresse, medo e culpa, como as espirais de pensamento descritas por Aza no filme.
Estes pensamentos tendem a levar a pessoa com TOC a executar rituais ou compulsões, como atos físicos ou mentais, em uma tentativa de afastar a ameaça que o transtorno acredita existir e diminuir a ansiedade. Os rituais ou compulsões costumam ser realizados de forma precisa, e podem não ter relação com a obsessão.
No caso de Aza, quando ela era invadida por pensamentos intrusivos de que ela estaria contaminada por germes, seu ritual era tirar o curativo do dedo, abrir a ferida, limpar com álcool em gel e fechar com um novo curativo. A prática, em tese, a faria se sentir protegida dos germes.
Quais os sintomas do TOC?
Embora as possibilidades de sintomas sejam muitas, os principais são medo, culpa, dúvidas e preocupações excessivas, pensamentos intrusivos, mente acelerada e ansiedade. Grande parte das obsessões e compulsões são preocupações com danos ou riscos, o que leva o indivíduo a evitar certos lugares e ações, como cemitérios, hospitais ou banheiros públicos.
Embora possa parecer uma preocupação irreal, para muitas pessoas com TOC, seus medos tem fundamento e elas correm risco real. Já outras sabem que os pensamentos são irreais, mas não conseguem controlá-los ou evitar os rituais. As obsessões e compulsões, inclusive, podem ocupar horas do dia da pessoa, interferindo na sua qualidade de vida e bem-estar. Em alguns casos, a doença pode incapacitar uma pessoa.
O impacto na vida da pessoa, além disso, é um dos fatores levados em consideração no diagnóstico, incluindo a frequência dos pensamentos e compulsões.
É importante lembrar que as preocupações, medos e dúvidas, no TOC, são exageradas, controlam o indivíduo e prejudicam o funcionamento da sua vida; por isso, é preciso não banalizar estes sentimentos. Em caso de suspeita, é imprescindível procurar um médico psiquiatra para avaliar o caso e iniciar o tratamento médico e psicológico.
As informações sobre o transtorno foram retiradas da cartilha sobre Transtorno Obsessivo Compulsivo realizado pela Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do Distrito Federal.