O Brasil é um eterno filme de terror para as mulheres e vítimas de estupro
Reunimos os principais dados sobre os crimes de violência contra a mulher no país para te provar que não falamos isso da boca pra fora
As vítimas de estupro, além de lidarem com o terror psicológico e físico envolvendo o agressor, são na maioria dos casos desacreditadas pelas pessoas, inclusive por aquelas próximas que elas imaginavam que poderiam contar. E quando elas finalmente reúnem forças para denunciar, na esperança de que enfim serão acolhidas, precisam lidar com a Justiça falha brasileira, que desacredita novamente de falas e existências, e compactua com todo um sistema de culpabilização da vítima que, justamente por causa deles e dos números abaixo, decide nem denunciar formalmente o crime. E sabe o que acontece? Novamente, ela recebe a culpa por isso.
A seguir, reunimos os principais números sobre os crimes de estupro no país para você entender a gravidade da situação, o quão vulnerável todas nós estamos e por que o Brasil é um dos piores países para ser menina/mulher do mundo, segundo levantamento da ONG Save The Children.
1. Em 2020, durante a pandemia, os crimes de estupro bateram todos os recordes, sendo que a maioria das vítimas (53,8%) foi meninas de até 13 anos. (Fonte: 13ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública)
2. Por hora, quatro meninas de até 13 anos são vítimas de estupro. (Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019)
3. Acredita-se que somente de 10% a 15% dos estupros são reportados para a polícia. Significa que os levantamentos mostram números 300 mil a 500 mil vezes menores que a realidade de crimes anuais cometidos no país. (Fonte: Atlas da Violência de 201)
4. Em 2015, foi registrado que a cada 11 minutos uma mulher era estuprada. Desde 2019, contudo, esse número foi atualizado: agora, a cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. (Fonte: 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública)
5. 85% das vítimas de estupro são mulheres. Ou seja, o crime é uma violência de gênero. (Fonte: 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública)
6. Em 70% dos casos, a vítima é uma criança ou se encontra em situação de vulnerabilidade. (Fonte: 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública)
7. Em 84% dos casos, os estupradores são conhecidos da vítima. (Fonte: 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública)
8. Deste número, em 40% das vezes o estuprador é o próprio pai ou padrasto. (Fonte: Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos)
9. Apenas 35% dos crimes de estupro no Brasil são denunciados na delegacia, sendo que apenas 6% deles viram ação penal. (Fonte: Fórum de Segurança Pública)
10. Em 99% das vezes, os crimes ficam impunes. Ou seja, dos casos denunciados, somente 1% dos estupradores é punido pela Justiça. (Fonte: Fórum de Segurança Pública)
11. 27% dos universitários brasileiros acham que abusar sexualmente de uma garota bêbada não é violência. (Fonte: Pesquisa do Instituto Avon e do Data Popular de 2015)
12. As mulheres negras são as principais vítimas de estupro no país, representando cerca de 70% dos casos denunciados. (Fonte: Rede de Observatórios da Segurança/Ufba)
13. Uma a cada 3 indígenas é estuprada ao longo de sua vida. “Limpeza étnica” é uma das justificativas mais usadas. (Fonte: Relatório da ONU de 2016)
14. Cerca de 40% dos autores não identificados e caracterizados pelas vítimas são da cor branca, 32% da cor parda e 28% da cor preta. Ou seja, um pouco de conhecimento basta para quebrar o mito de homem negro estuprador. (Fonte: Suspect individuals: the color of men accused of rape within the flow of the criminal justice system, de Joana Domingues Vargas)