Já imaginou entrar em um reality show para encontrar o amor da sua vida, mas fazer isso no escuro? A consultora de imagem Amanda Souza não só imaginou, como topou participar desse experimento proposto pelo programa Casamento às Cegas Brasil, da Netflix. Apesar de se entregar de corpo e alma para a dinâmica, a participante passou por uma situação bastante revoltante e frustrante, que afeta milhares de mulheres todos os dias fora das telinhas: Amanda foi vítima de gordofobia.
Pra quem nunca assistiu ao reality, ele funciona assim: 32 participantes são escolhidos, sendo 16 do sexo masculino e 16 do feminino. No primeiro dia, os pares opostos entram em cabines e conversam.
Após 15 minutos de papo com cada um dos estranhos, os participantes filtram com quem pretendem seguir tendo encontros às cegas.
Os pretendentes têm dez dias para decidir se casam ou não com seus respectivos alvos. Se o pedido acontecer e a outra pessoa aceitar, o casal enfim se vê cara a cara e embarca para a Lua de Mel, para só depois falar “sim” ou “não” no altar.
Foi durante as conversas nas cabines que Amanda e Paulo se interessaram um pelo outro. No começo, o participante chegou a ficar dividido entre duas mulheres com quem estava “saindo”, mas se decidiu pela Amanda: “Eu me apaixonei por uma voz doce, engraçada, que me fez perder o chão e acreditar que o amor existe”, disse durante o programa. Ao que tudo indicava, a consultora de imagem estava tão envolvida quanto ele.
Embora seja uma mulher confiante, algo em especial estava deixando Amanda nervosa: sua aparência. Desde o início do programa, a participante sentiu receio sobre como seria receação que a pessoa escolhida ao vê-la. Afinal, aqui fora, o comportamento dos homens normalmente não é dos mais receptivos. “Sou uma mulher gorda. E preta. Nenhum dos caras lá atrás está esperando encontrar uma mulher gorda”, falou para as colegas de confinamento.
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A repercussão da cena
Em entrevista para a CAPRICHO, a consultora explicou que, naquela hora, a fala era realmente mais no sentido de mulheres dividindo experiências de acordo com suas realidades. “Foi no sentido de: isso acontece o tempo todo e no programa, provavelmente, pode ser que não seja diferente. Espero que seja, mas preciso trabalhar com essa possibilidade, para que ela não me machuque tanto”, relatou.
Antes de se encontrar com Paulo, Amanda chegou a dizer: “Eu não sei se ele imagina que eu não sou uma mulher magra… Eu sonhei que ele corria, que olhava para mim, sorria e ia embora”. E adivinha?! O sonho foi quase como uma premonição. Paulo ficou visivelmente perturbado ao ver Amanda pela primeira vez, não a beijou, disse que precisava pensar e deixou-a sozinha no corredor. Então, ele veio com aquele velho papinho de que “ela não era nada parecida com o que ele já lidou na vida, que era uma mulher forte”, e que por isso tinha desistido do casamento.
“Eu lembro de pensar: ‘Ferrou! Eu estava certa’; mas tinha me preparado para o lado bom e para o ruim. Várias meninas falavam: ‘Ah, você é muito pessimista’; e eu explicava que não, que estava sendo realista”, disse para a CH: “Estou numa bolha de desconstrução que ainda não chegou lá”.
Durante a entrevista, Amanda disse que ficou sim decepcionada, mas não surpresa. Ela ainda deixa claro que não quer jamais ser vista como uma “coitadinha”, pois segue reconhecendo o mulherão que é. Essa história toda não é sobre a mulher; é sobre o homem sendo o reflexo de toda uma sociedade.
Existe amor às cegas?
Para os curiosos de plantão, a participante já adianta que tudo o que acontece no reality é real. O que acontece é que, o meio do percurso, aparecem pessoas que não estão tão dispostas assim a levarem o experimento a sério. Para Amanda, é muito mais gostoso conhecer as pessoas mais profundamente antes de se relacionar. “Sempre pautei meus relacionamentos assim. Eu gosto mais. Porque a gente, na minha opinião, acaba perdendo, se nos pautarmos somente no visual. Eu posso perder a chance de ter pessoas incríveis na minha vida se focar apenas nisso”,opinou.
O amor ideal é o corajoso para a consultora de imagem: “É aquele amor que tem coragem de assumir o que sente, independentemete do que os outros possam pensar, independentemente do que esperam, independentemente da foto, do close, da casca, que talvez seja importante em algum nível, mas sempre acaba”.
E se você já passou uma uma situação semelhante à da Amanda ou se identificou com a jornada dela no reality, lembre-se de que experiências são individuais. “Não paute sua vida na realidade de outras pessoas, e nem em um programa, tá? Minha experiência foi essa, mas eu mesma não vou me privar de nada, porque a próxima experiência pode ser diferente. Não tem como saber“, garante.
A musa ainda revelou para a CAPRICHO que considera toda essa loucura uma experiência mais do que válida, pois aprendeu muito sobre si mesma trocando com suas colegas de confinamento. Ao contrário do que uma galera possa pensar, toda a discussão gerada em torno da gordofobia enfrentada pela participante não é vitimização.
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Seguindo o baile
A consultora de imagem, que já inspirava muitas mulheres com seu trabalho, conseguiu um ótimo destaque após o programa e seguiu com seu propósito. “Eu sou tudo ao mesmo tempo. Eu sou o tempo todo consultora de imagem, eu sou o tempo todo mãe, eu estou o tempo todo amando, sou a amiga, a filha, a mãe, a mulher solteira… Todas essas mulheres sou eu ao mesmo tempo”, refletiu Amanda sobre servir de inspiração para tanta gente.
@capricho A @souamandasouzaa da segunda temporada de “Casamento às Cegas” (@netflixbrasil) conversou com a CH e tem um recado importante para as mulheres que andam inseguras por causa de relacionamentos! #casamentoascegasbrasil ♬ Cafe / video cute lofi ♪ Chill(885831) – ImoKenpi-Dou
E no fim das contas é isso, né? Se alguém é escroto com você, essa atitude diz muito mais sobre a outra pessoa – e o mundo – do que sobre você mesma.