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Não tem discussão, CBF! Nosso futebol feminino precisa de apoio

Muito além da extinção ou não da Seleção Permanente, é preciso discutir projetos que realmente valorizem e apoiem as meninas do futebol feminino.

Por Isabella Otto Atualizado em 19 abr 2021, 17h21 - Publicado em 22 ago 2016, 18h41

Um dos medos reais não só das jogadoras Seleção Brasileira de Futebol Feminino, mas de grande parte da torcida, era que após as Olimpíadas Rio 2016, o futebol feminino voltasse ao anonimato ou fosse, como sempre, esquecido por grande parte daqueles que ovacionaram as meninas durante a competição. Dito e feito. No mesmo final de semana em que aconteceu o encerramento dos jogos, uma notícia tirou o sono de muitos: a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anda discutindo a extinção de Seleção Permanente de Futebol Feminino. SAY WHAAAT!?

futebol

Calma. Antes de tudo, você precisa entender que querer extinguir a Seleção Permanente não é o mesmo que querer extinguir o futebol feminino no geral. A Seleção Permanente é, como o próprio nome diz, uma equipe de jogadoras convocadas para a seleção que não muda durante um determinado tempo. Essas atletas recebem treinamento especial e investimento para que consigam chegar mais longe nas competições principais, como as próprias Olimpíadas. A permanência de uma seleção divide opiniões até entre os especialistas e técnicos. Alguns concordam e incentivam a decisão, pois afirmam que ela deixa o time principal mais forte – o que ajuda a modalidade no geral. Outros dizem que as jogadoras escaladas para a Seleção Permanente deixam de atuar em clubes, o que faz com que os campeonatos locais deixem a desejar.

A discussão então não deveria ser sobre a Seleção Permanente de Futebol, mas sobre projetos que deixem os campeonatos e os times de futebol femininos (inclusive os de base) mais estruturados, com o mínimo que as atletas precisam para desempenharem seus papéis. Você sabia que, em 2014, a CBF deixou as jogadoras da Seleção sem carteira assinada e sem benefícios? Isso sem contar nos salários desiguais recebidos por homens e mulheres no futebol, uma questão polêmica, que também divide opiniões, mas real, presente e inquestionável. Em 2015, o Portal EBC fez um levantamento que mostrou que a renda mensal de Neymar bancaria a folha salarial dos quatro times finalistas do Brasileirão feminino por 55 meses.

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Marta, um dos grandes nomes do futebol feminino, defende a Seleção Permanente e afirma que muitas ótimas jogadoras, sem clube, só têm a oportunidade de treinar e jogar por causa do projeto. Entretanto, ele não é uma solução final. O correto seria que os times de base tivessem investimentos para que não faltasse verba para os clubes contratarem jogadoras; e que as mesmas não ficassem paradas. “Precisamos de futebol feminino nas escolas, nos grandes clubes, o Brasil inteiro tem que abrir as portas para o futebol feminino, para os talentos. Infelizmente, muitos são desperdiçados ou vão embora do nosso país logo cedo”, declarou Formiga, colega de Marta, em entrevista ao HuffPost Brasil.

“É disso que a gente precisa, do apoio do brasileiro, de incentivar não só no momento das Olimpíadas”, concordou a goleira Bárbara. Na mesma entrevista, Marta ainda ressaltou a importância de o investimento começar desde cedo, pois muitas meninas não têm a sorte de serem descobertas ou de conseguirem uma bolsa de estudo para jogar e estudar. O que falta no futebol feminino é planejamento e apoio. As jogadoras não têm sequer um calendário de jogos e torneios para permanecerem na ativa, pois falta incentivo, falta financiamento.

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Se já é difícil para meninos realizarem o sonho de viver de futebol, para as meninas é duas, três, quatro vezes mais complicado. Em meados de 2016, recebemos a linda notícia de que o time de futebol feminino do Centro Olímpico de São Paulo foi o grande campeão de um torneio masculino. Surreal, não? Bate aquele orgulho de ser garota e de jogar como uma garota, mas também bate uma tristeza de saber que as jogadoras e a equipe técnica precisaram se inscrever e lutar parta disputar um torneio masculino por falta de um feminino decente.

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O buraco é, infelizmente, muito mais embaixo. Mas não tem discussão: o Futebol brasileiro feminino precisa de mais apoio e nós estamos dispostas a ajudar. E você, CBF? E você aí de casa? “Vão ter que nos engolir!”

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