Em abril, um estudo publicado pela Forbes, realizado por Marshall Burke, professor da Universidade de Stanford, nos EUA, havia mostrado que a queda da poluição do ar na China, por causa da diminuição da atividade industrial motivada pela quarentena para conter a pandemia de COVID-19, já havia salvado 77 mil vidas. Vale lembrar que, por ano, no mundo, 7 milhões de pessoas morrem em razão de complicações causadas pela poluição atmosférica, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
A notícia foi comemorada e gerou certo otimismo. Seria o mundo diferente pós-coronavírus? Questões ambientais seriam finalmente levadas a sério? A resposta está no levantamento recente realizado pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo na China. Com a retomada da atividade industrial, em algumas cidades, os níveis de poluição estão mais elevados do que estavam no cenário pré-quarentena.
Em maio, após a reabertura, cidades chinesas registraram um crescimento de 5% na emissão de dióxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre na atmosfera, em comparação ao mesmo período do ano passado. A causa? As indústrias estão correndo atrás do tempo perdido e do prejuízo que tiveram por causa da pandemia. As regiões de Jilin e Heilongjiang, que abrigam parques industriais, são as mais afetadas.
É um padrão. Em 2003, pós-surto da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), a emissão de gases causadores do efeito estufa também aumentou no país. O motivo foi o mesmo: a tentativa das fábricas de retomar suas atividades pós-crise sem maiores prejuízos econômicos.