Uma mulher negra sofreu racismo na estação Ana Rosa do metrô, em São Paulo. A carioca Welica Ribeiro, de 35 anos, relatou nas redes sociais que, durante a viagem, uma mulher branca que estava no mesmo vagão, associou que seu cabelo crespo poderia lhe transmitir alguma doença.
Os próprios passageiros que presenciaram a cena impediram a saída da agressora até a chegada da Polícia Militar. O caso foi denunciado como injúria racial, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Ribeiro mora no Rio de Janeiro e veio visitar a família em São Paulo. Segundo relato que deu para a Polícia Civil, ela estava em um vagão da linha Azul quando Agnes Vajda, a agressora, teria dito a seguinte frase: “Toma cuidado com seu cabelo, porque ele está muito próximo do meu rosto e pode me causar doença”.
Racismo no metrô de São Paulo. https://t.co/9lcNZvQWrL pic.twitter.com/oqBxnu6kgU
— Jornalistas Livres (@J_LIVRES) May 3, 2022
O caso foi registrado como injúria racial. Agnes disse que não teve a intenção de ofender Welica e que sua fala foi apenas para “dar um toque” na mulher sobre espaço ocupado no vagão. Ainda em sua justificativa, ela afirmou que, na verdade, sua frase foi outra. Ela teria dito que “se tiver alguém que tem doença com o cabelo, talvez você pode pegar”.
Agnes é húngara, mora no Brasil há cinco anos e trabalha como assistente no Consulado da Hungria de São Paulo.
O crime de injúria racial está previsto no Código Penal brasileiro e consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Ou seja, diz respeito principalmente a situações que envolvem a honra de um indivíduo específico, geralmente por meio do uso de palavras preconceituosas.
Racismo aqui no metro Ana Rosa , de São Paulo, absurdo @metrosp_oficial pic.twitter.com/aDCQ5oUXwJ
— Anna Paula Mendonça (@AnnaPaulaMendo4) May 2, 2022
Jhonatha Ribeiro, irmão de Welica estava presente e filmou a situação, afirmou ao G1 que ninguém está em busca de dinheiro com a denúncia de injúria racial feita. “Essa mulher tem que pagar o preço. E não pela minha irmã, que foi a vítima. Não é pelos meus pais, que têm 70 anos, e estavam com a gente, e sofreram isso também. É pelo Brasil! É questão de honra, de humanidade“, afirmou.
No vídeo, Welica aparece dizendo que a mulher branca teria sugerido ainda que ela raspasse o cabelo, para que não incomodasse mais ninguém. Em entrevista para a TV Globo, o rapaz declarou que espera que as pessoas entendam que “somos todos iguais e merecemos respeito, não porque somos negros, mas porque somos seres humanos”.
Em comunicado oficial, o Metrô afirmou que é contra qualquer ato de racismo e que os seguranças atuaram para proteger todos os envolvidos.