Continua após publicidade
Continua após publicidade

Ministro do Meio Ambiente sobre céu escuro e queimadas: “Sensacionalismo”

O ministro Ricardo Salles disse que nuvem de fumaça veio, na verdade, da Bolívia e que as pessoas estão fazendo sensacionalismo com relação à Amazônia

Por Isabella Otto Atualizado em 21 ago 2019, 12h37 - Publicado em 21 ago 2019, 11h31

Depois de mais de duas semanas de queimadas ininterruptas na Amazônia, estimuladas pela ação do homem, já que a região, mesmo em períodos de seca, não tem a tendência de enfrentar queimadas naturais, o mundo parece ter notado o que está acontecendo com a floresta – e isso incluí nós, brasileiros. O “orgulho nacional” foi parar em vários noticiários do mundo, principalmente depois que Noruega e Alemanha cancelaram seus repasses ao Fundo Amazônia após declararem estar preocupados com o desmatamento e as medidas ambientais do adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro.

O ministro Ricardo Salles e o presidente Jair Bolsonaro. Reprodução/Reprodução

Mesmo com levantamentos científicos realizados por acadêmicos e órgãos especializados, o governo parece não acreditar no que está sendo falado sobre o Brasil. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, se pronunciou oficialmente sobre as questões envolvendo o céu escuro que encobriu muitas regiões do país na última segunda-feira, 19, e as queimadas na Amazônia. “Sensacionalismo ambiental”, disse.

 

O ministro não parou por aí: “alguns disseram que foi a fumaça da Amazônia que encobriu a cidade. Essa afirmação parece até um vídeo que vi, um mês atrás, de um helicóptero do Ibama sendo recebido a tiros e, meia hora depois, mostrou que foi um menino que fez montagem“. Esses “alguns”, no caso, foram institutos de meteorologia de São Paulo que identificaram que, além do encontro de correntes de ar frio, “o dia que virou noite” também foi resultado da fumaça das queimadas que estão rolando na floresta e descendo por toda a América do Sul. Países como Bolívia e Argentina também foram afetados. Ricardo Salles, contudo, não acredita nesses dados: “sensacionalismo na área ambiental não contribui para as melhores práticas e para a defesa efetiva das questões importantes do nosso país“, garantiu durante pronunciamento na 27ª Feira Internacional da Bioenergia (Fenasucro), em Sertãozinho, no interior de São Paulo.

Stockbyte/Getty Images
Continua após a publicidade

No Instagram, Salles já havia se pronunciado dizendo que a fumaça encontrada nessas regiões, especialmente em São Paulo, veio da Bolívia e que o “tempo seco, vento e calor fizeram com que os incêndios aumentassem muito em todo o país”. Ele também disse que, “segundo o INPE, a nuvem que cobriu SP é um fenômeno que já ocorreu em 2010 e 2017, e decorre da conjugação de dois fatores: a entrada de uma frente fria e fumaça vinda do sudeste da Bolívia. De todo modo estamos preocupados e a caminho de Mato Grosso para apoiar os Estados nas ações de combate às queimadas”. Muitos seguidores aplaudiram a atitude do ministro e concordaram com o “sensacionalismo” das redes sociais e da imprensa.

O atual ministro do Meio Ambiente é advogado, contra ONGs ambientais e já atuou como diretor jurídico da Sociedade Rural Brasileira. Vale destacar que a pecuária continua sendo a principal causa do desmatamento da Amazônia, que culmina em queimadas. Cada vez mais pastos estão sendo construídos para suprir nosso consumo. De acordo com uma pesquisa realizada pelo World Resources Institute, o brasileiro é o povo que mais consome carne vermelha no mundo. “A maioria da carne consumida é produzida de forma industrial, em uma cadeia totalmente insustentável”, explicou Maureen Santos, organizadora do estudo Atlas da Carne, em 2018.

Publicidade

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.