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Ministro da educação diz que golpe de 64 ‘foi regime democrático de força’

Além disso, Ricardo Vélez garante que o assunto ganhará uma nova abordagem nos livros didáticos, pois ele acha que a atual não é verídica.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 4 abr 2019, 14h00 - Publicado em 4 abr 2019, 14h00

Apenas alguns dias após o aniversário de 55 anos do golpe militar de 1964, que ocorreu no dia 31 de março, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou que o tema sofrerá mudanças nos livros didáticos das escolas. Para ele, o que houve naquela época não foi um golpe e muito menos uma ditadura.

Getty Images/Reprodução

A declaração foi dada em entrevista ao jornal Valor Econômico. “Haverá mudanças progressivas [nos livros] na medida em que seja resgatada uma versão da história mais ampla“, disse Vélez. Para o ministro, o regime militar de 1964 não aconteceu através de um golpe e o que se seguiu durante 21 anos após isso não foi uma ditadura. “Foi um regime democrático de força, porque era necessário nesse momento”, afirmou.

De acordo com o ministro, é responsabilidade do Ministério da Educação garantir que os alunos tenham livros didáticos com a “história verídica”. “É garantir a regular distribuição do livro didático e preparar o livro didático de forma tal que as crianças possam ter a ideia verídica, real, do que foi a sua história“, disse. Apesar disso, ele não deu mais detalhes sobre quando a mudança deve acontecer.

A declaração e decisão de Vélez, contudo, contraria a posição de historiadores brasileiros. “Todos nós estamos nos empenhando em combater essa visão absurda. A história está mais do que provada, que houve um golpe civil-militar e que ele resultou numa ditadura de longa duração“, a historiadora e professora da USP, Maria Helene Rolim Capelato, disse em entrevista à Folha, reforçando que a fala do ministro é negacionismo histórico.

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Um pouco antes do aniversário de 55 anos do golpe militar, o presidente Jair Bolsonaro determinou que houvessem as “comemorações devidas” para celebrar a ditadura, afirmando que “se isso não tivesse ocorrido, hoje nós estaríamos tendo algum tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém”. A decisão causou revolta em grande parte da população que, com razão, reforçou que não existe nada daquela época que merece ser celebrado; é apenas um período para sentir vergonha. Logo após a polêmica, a Justiça proibiu qualquer tipo de comemoração.

Esta não é a primeira vez neste ano que o Ministério da Educação se envolve em polêmicas com mudanças no ensino. Em janeiro, o atual governo também decidiu retirar temas como violência contra a mulher, assuntos relacionados aos quilombolas e cultura dos descendentes de africanos escravizados de edital de livros didáticos destinados ao Ensino Fundamental.

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