O médico brasileiro Victor Sorrentino foi preso no Egito no último domingo, 30, após publicar um vídeo nas redes sociais assediando uma vendedora muçulmana. Nas imagens, a mulher tenta lhe vender um papiro [folha para escrever ou pintar criada pelos egípcios] e Victor diz: “Elas gostam é do bem duro. Comprido também fica legal, né?”. Por não entender a frase dita em português, a vendedora sorri e segue sua venda.
Internautas se mobilizaram e subiram a hashtag #ResponsabilizemOAssediadorBrasileiro, que ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter. Após a repercussão, o médico excluiu a publicação e postou outro vídeo pedindo desculpas. Através das redes sociais, o Ministério do Interior do Egito informou que havia conseguido identificar e deter um brasileiro “que assediou uma garota depois que ele publicou um videoclipe contendo o assédio em um site de rede social na Internet”. O Ministério também informou que medidas judiciais seriam tomadas.
Médico bolsonarista é preso no Egito por assédio, caso está tendo grande repercussão no país.
Governo egípcio prendeu Victor Sorrentino após campanha de mulheres contra o médico se tornar o assunto mais comentado no twitter: pic.twitter.com/xVDUFDSL5b
— Kallil Oliveira (@kalliloliveira_) May 31, 2021
Sorrentino possui credenciais no Instituto Brasileiro de Coach, sendo conhecido na internet por ensinar a ter um estilo de vida saudável. O médico ganhou certa visibilidade após começar a apoiar o tratamento precoce contra a COVID-19, que o presidente Jair Bolsonaro defende e que não possui eficácia cientificamente comprovada. No Instagram, Victor Sorrentino tem quase 1 milhão de seguidores.
A esposa do médico, Kamila Monteiro, publicou uma foto ao lado de Victor no Instagram e saiu em defesa do companheiro: “O mundo está cada vez mais complexo, as pessoas vendo maldade em absolutamente tudo, mas nossa vida sempre se volta à simplicidade, ao olhar tudo pelo lado positivo e tentar não julgar”, disse.
Não é a primeira vez que o gaúcho tem esse tipo de comportamento com mulheres. Em 2014, Victor pediu para uma australiana, que também não falava português, repetir que teria relações sexuais com ele.
Apesar de ter quem defenda o discurso de que “agora não pode mais nem fazer uma brincadeira” para tentar justificar certas atitudes, esse tipo de argumento não passa mais. O “mundo não está chato”, mas sim cansado de certos comportamentos de homens que acham que podem usar seus privilégios para fazerem o que bem entenderem – e se valerem da desculpa praxe de que estão evoluindo e se descontruindo. Até quando?