O fim do ensino médio é uma época complicada pra todo mundo. Mas pra Juliana Lhamas, hoje com 22 anos, nem foi tanto assim. Logo na sua primeira temporada de vestibulares, ela foi aprovada no curso de medicina não em uma, mas em três universidades federais: de Juiz de Fora, Pelotas e São Carlos. Mas, como ela mesmo gosta de frisar, é necessário correr atrás dos nossos sonhos – e o dela era cursar medicina na USP, em São Paulo. Para isso, a Ju saiu de Taubaté, no interior do estado, e foi morar na capital, onde encarou um ano intenso de cursinho. Foi o suficiente para ela conseguir passar em Medicina nas Federais do Paraná, de São José do Rio Preto e na USP, como sempre sonhou.
Depois de quatro anos de aulas em período integral, a estudante hoje está no 10º semestre, o primeiro do chamado internato – diferente de outros cursos, o ‘estágio’ em Medicina acontece dentro do próprio curso. “Os últimos dois anos são o internato. A turma é dividida em ‘panelas’ e cada uma delas fica numa área diferente”, explica ela, que já passou pela cirurgia geral, dermatologia, clínica médica, psiquiatria e pediatria. “Mas mesmo durante o internato nós ainda temos algumas aulas e, ao final de cada fase, provas teóricas e às vezes até práticas.”
A Ju contou pra gente que a rotina do estudante durante o internato varia bastante de acordo com a área em que ele está trabalhando num determinado mês – ela já passou pela ginecologia, oftalmologia, pediatria (onde quer se especializar), infectologia, entre outras. Na psiquiatria, por exemplo, ela achou tudo bem tranquilo. Já no pronto-socorro e na enfermaria, a coisa fica mais tensa. “Os plantões chegam a 12 horas, e às vezes fazemos 13 plantões em 15 dias”, conta ela, que já passou por situações bastante sérias durante esse rodízio. “Quando eu fiquei no Hospital do Coração, dois pacientes tiveram uma parada cardíaca no mesmo dia. Lógico que eu não estava sozinha, mas foi uma correria maluca!”
Já deu pra entender porque o candidato ao curso de Medicina tem que gostar mesmo da profissão, né? “Muita gente pensa em fazer medicina pela questão financeira, porque ganha bem. Mas se for só isso, a pessoa vai acabar desistindo”, alerta Juliana, que mesmo com esses plantões enormes, não ganha nada em dinheiro – o internato faz parte do curso, lembra? “É ruim, mas é o jeito. É um curso integral, com plantões à noite, aos finais de semana. Todos acabamos dependendo dos nossos pais”. Todos essas particularidades do curso, no entanto, não desanimam nem um pouco a Ju. “Sempre foi meu sonho, e eu acho que valeu muito a pena correr atrás dele!”
MEDICINA
– Perfeito pra quem… ama lidar com as pessoas e tem paciência com elas. Também precisa ter muita certeza do amor pela profissão.
– Duração do curso: 6 anos
– Melhores cursos: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
– Quanto paga no estágio? Nada. Em medicina, o estágio se chama ‘internato’ e faz parte do curso, nos dois últimos anos
– Quanto paga depois de formado? Na residência, a bolsa chega a R$2.500. Já depois, os salários podem ir de R$6 mil a R$18 mil, dependendo da experiência, especialização e carga horária do profissional