Continua após publicidade
Continua após publicidade

Mari Ferrer: Justiça absolve André Aranha de novo, agora em 2ª Instância

Em votação unânime, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina analisou o pedido de recurso e absolveu o acusado de estuprar a modelo Mariana Ferrer

Por Isabella Otto Atualizado em 22 out 2021, 11h44 - Publicado em 7 out 2021, 15h47

Nesta quinta-feira, 7, aconteceu o julgamento em 2ª Instância do caso Mari Ferrer. Mais uma vez, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina absolveu André de Camargo Aranha.

Colagem com fotos de Mariana Ferrer, antes e após o crime de estupro, e um martelo de Justiça ao lado
Barbara Marcantonio/CAPRICHO

A audiência foi realizada em Florianópolis e três desembargadores analisaram o pedido de recurso aberto: Ana Lia Carneiro, Ariovaldo da Silva e Paulo Sartorato. Os três votaram pela absolvição do comerciante.

“Estou muito triste. Foi absolvido o agressor de Mariana Ferrer(…) Estou bem chateada pela Mariana e por todas as mulheres. Eu vou ler esse processo inteirinho, pois quero entender de onde veio essa absolvição“, relatou a a juíza aposentada Maria Consentino, que concedeu recentemente uma entrevista para a CAPRICHO sobre o caso.

O julgamento em 1ª Instância ocorreu em setembro de 2020 e quem bateu o martelo foi Rudson Marcos, que hoje não atua mais na na Vara Criminal. Contra ele, em novembro do ano passado, foi aberto um reclamação multidisciplinar por Henrique Ávila, integrante do Conselho Nacional de Justiça. Segundo ele, a atitude do juiz durante audiência foi chocante e contribuiu para a humilhação a vítima.

Na audiência, que viralizou na internet na época, Cláudio Gastão da Rosa Filho, advogado de André de Camargo Aranha, tem falas questionáveis e machistas em diferentes momentos, e chega a dizer que “graças a Deus, não tinha uma filha como Mariana”. O juiz Rudson Marcos demora para intervir, dando voz de poder ao homem, hoje investigado por esquema ilícito envolvendo corrupção e abuso de poder.

Mari Ferrer tinha voltado a ser mais presente nas redes nesta última semana, mas até o momento não se manifestou sobre a decisão nem se vai tentar recorrer [entrando com recurso especial e/ou extraordinário] contra a decisão. Nas redes sociais, a decisão já repercute:

Relembre o caso

No dia 16 de dezembro de 2018, a modelo e digital influencer mineira Mariana Ferrer, na época com 21 anos e moradora de Florianópolis, relatou à Polícia Civil que havia sido estuprada em um famoso beach club de Santa Catarina, chamado Cafe de La Musique, na noite anterior. Ela era embaixadora da casa e estava no local a trabalho, para “gravação da propaganda de Verão”, como informa Luciane Borges, mãe da vítima, em oitiva [audiência de instrução] realizada. Investigações policiais apontaram André de Camargo Aranha, comerciante, na época com 41 anos, como autor do crime, segundo investigação e denúncia do promotor Alexandre Piazza.

Provas periciais indicaram que houve conjunção carnal na noite de 15 de dezembro [introdução completa ou incompleta do pênis na vagina], indicaram presença de sêmen na calcinha e que o hímen da vítima havia sido rompido, indicando que ela era virgem. Testemunhas ainda disseram que Mariana estava em situação de vulnerabilidade quando tudo ocorreu e que o réu sabia disso. Além disso, o beach club cedeu à polícia imagens de dois momentos de Mariana na casa, que podem ser encontradas na internet. Existem, contudo, 37 câmeras de segurança no local, mas nenhuma imagem além dessas duas consta nos autos do inquérito.

Continua após a publicidade

+: Cinco situações que configuram variações do crime de estupro

“Os responsáveis pela casa não cederam as gravações das outras câmeras sob a justificativa de que as imagens ficam disponíveis por apenas quatro dias no Digital Video Recorder(…) Devido ao lapso temporal, todas as imagens do dia 15 de dezembro de 2018 não estavam mais disponíveis em maio. Acontece que a primeira visita da polícia ocorreu justamente no quarto dia após a data do crime e, mesmo assim, a totalidade das gravações não teria sido disponibilizada“, aponta reportagem de Schirlei Alves, do ND+.

Na época, o beach club enviou uma nota para a CH dizendo que sempre colaborou “com todo o processo de investigação, e que repudia veementemente toda e qualquer violência, principalmente as que foram levadas a público”. Novamente, a CH entrou em contato com representantes da casa e questionou sobre a CPI pedida por Sâmia Bonfim. Até o momento em que esta matéria foi publicada, um posicionamento não foi emitido.

“Acredito muito em Deus. Mesmo diante de toda essa tragédia, nunca perdi a fé”, disse Mari em uma entrevista para a CAPRICHO, concedida em maio de 2020. Além da fé, o apoio constante da mãe alivia parcialmente as frequentes crises de pânico, o estresse pós-traumático, a depressão e a fobia social que a garota enfrenta. “O terror que vivi ainda não acabou. Todo o processo é muito desgastante. Faço acompanhamento psicológico já tem alguns meses, mas confesso que foi muito começar e dar continuidade. Meus traumas me impedem de confiar nas pessoas, de conviver com elas, de ter uma vida normal. Estou sempre em estado de alerta. Vivo dentro de casa desde então. Revivo o crime todos os dias na busca incessante por justiça“, relatou.

Publicidade

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.