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Malala é chamada de traidora após usar calça jeans e jaqueta

Mas ainda há esperanças, pois a maioria das pessoas ficou ao lado paquistanesa e até a chamou de heroína!

Por Isabella Otto Atualizado em 19 out 2017, 14h20 - Publicado em 19 out 2017, 14h20

No dia 9 de outubro, Malala Yousafzai comemorou nas redes sociais seu primeiro dia de aula em Oxford, uma das mais renomadas universidades do Reino Unido. Coincidentemente, a data também era marcante por outro motivo: fazia cinco anos que a paquistanesa tinha sido baleada na cabeça pelo Talibã, grupo de radicais que é contrário à educação das mulheres e as trata como objeto. Para muitos, Malala deveria esquecer a tentativa brutal de assassinato, mas ela faz questão de lembrar-se dela, pois a jovem não só sobreviveu à tragédia como mudou a história de milhares de meninas paquistanesas – apesar de nada justificar a barbárie.

Christopher Furlong/Reprodução

Contudo, pouco tempo depois de começar sua graduação, Malala foi mais uma vez alvo de radicais religiosos. O motivo de tantas críticas foi o look da foto abaixo:

A paquistanesa deixou a túnica de lado e investiu em um visual bastante ocidental: calça jeans, jaqueta e bota. Apesar de continuar fazendo uso da sua duppatta (lenço no cabelo), alguns islâmicos a criticaram nas redes sociais. “Traidora de marca maior(…) Ela sofreu uma lavagem cerebral contra o Paquistão e o Islã“, escreveu o usuário Khola Khalid. Um cara chamado Abdul Raheem também se manisfestou, acusando a jovem de não manter a cultura viva nem dar exemplo para outras garotas. Khurshid Mayo afirmou que Malala “não está representando nossa tradição”.

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É claro que algumas mulheres se posicionaram contra Yousafzai, mas a maioria dos comentários odiosos veio de homens. A religião islâmica tem variações, mas, no geral, não permite que a mulher exponha o corpo em lugares públicos nem mostre demais. É por isso que elas usam aquelas túnicas largas que cobrem praticamente o corpo todo e até mesmo burqa, que cobre inclusive os olhos e as mãos. Como o cabelo também é considerado uma parte sensual do corpo (e só pode ser visto pelo marido), muitas usam icharb, hijab ou duppatta.

Em contrapartida, inúmeras pessoas, de diferentes culturas e religiões, apoiaram Malala Yousafzai e sua atitude de não delimitar quem é e seus costumes pelas roupas que veste. A famosa ativista Najwa Zebian demonstrou solidariedade postando uma imagem vestindo calça jeans, botinha e icharb.

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A usuária Aphrodite postou no Twitter a mensagem abaixo e comemorou a coragem da estudante de usar um look ocidental: “Abençoando sua timeline. Malala é minha heroína!”.

“Ela é o verdadeiro futuro do Paquistão!”, “Essa escolha é dela!”, “Ela é livre para tomar suas próprias decisões” e “Não estou vendo nada de errado nas roupas dela” foram os comentários mais frequentes. Muitos vieram inclusive de pessoas que seguem a religião islâmica.

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Não existe uma resposta certa ou errada para o caso em questão. Os mais tradicionais são totalmente contrário às atitudes de Malala Yousafzai: o fato de ela estudar e frequentar uma universidade inglesa, usar roupas ocidentais, ir contra os princípios – para nós machistas – de sua cultura… Contudo, muitos islâmicos são mais liberais e modernos, e acreditam que as mulheres têm, sim, direito à educação, podem usar as roupas que quiserem e tomar suas próprias decisões.

No mais, podemos esperar um pronunciamento da paquistanesa sobre a “polêmica”, mas ela não precisa de forma alguma se explicar ou se desculpar. Malala é livre e você também, seja para continuar usando hijab ou deixá-lo de lado

 

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