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Literatura brasileira no exterior é analisada na Bienal do Livro de 2024

Itamar Vieira Jr, Flora Thomson-DeVeaux e Stênio Gardel refletiram sobre processos de tradução e de conexão com leitores estrangeiros

Por Mavi Faria 8 set 2024, 23h25
O

que possibilita a conexão entre uma obra literária e um leitor, mesmo que de diferentes países e até continentes? Dentro do território nacional, o escritor Itamar Vieira Jr. faz esse movimento com maior facilidade, mas mesmo no âmbito exterior, para ele, as justificativas podem ser as mesmas.

Ao lado de Stênio Gardel, autor de A Palavra que Resta e de Flora Thomson-DeVeaux, escritora e tradutora que trabalhou com Memórias Póstumas de Brás Cubas em inglês, em palestra mediada por Rayanna Pereira, eles buscaram analisar a presença da literatura brasileira no exterior. 

A conexão entre o nacional e o internacional, em específico na própria obra, Torto Arado, é explicada pela temática universal da dor e da luta, da relação familiar e da vida agrária – que tende a relacionar estes três âmbitos. Os sentimentos, responsáveis por ultrapassar a fronteira geográfica e cultural, é semelhante em qualquer ser humano, e é por meio de adaptações em outras línguas que diferentes leitores, de línguas que os autores nem se aproximam em administrar, possam se aproximar das obras.

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Este papel de ponte entre as duas extremidades de quem escreve em uma língua, e lê em outra, é explicado por Flora como um processo intenso e intimista, em que o leitor adentra a escrita e história que está traduzindo. Em especial na tradução da obra de Machado de Assis para o inglês, ela conta que a preparação contou com leituras que a contextualizassem à escrita do autor, as da época e ao contexto do Rio de Janeiro no século XIX.

Flora revelou que enquanto traduzia a obra, não checou qual expressão outro tradutor para o inglês havia utilizado em sua versão, e que a interpretação de cada um deles é o que torna tão brilhante para obra traduzida – experiência também vivenciada por Stênio, mas no papel de autor.

No processo de tradução para o inglês de ‘A Palavra que Resta’, ele relembrou que a tradutora escolheu palavras que, embora com significado similar, davam uma conotação diferente – e, segundo ele, até mais complexa – para o texto. Em uma frase em que tinha a palavra ‘coisa’, ele observou que ela chegou a substituir por sentences (frases, em tradução livre), abrindo uma nova possibilidade de interpretação e de leitura.

Mesmo sem a possibilidade de ter tido essa troca com Machado de Assis, Flora não deixa de se divertir pensando em como seria se ele estivesse vivo assistindo sua obra viralizar nas redes, 150 anos após o lançamento.

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