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Juliana Rogatto faz parte do 1,4% de mulheres que pilotam aviões

Apesar da discrepância, a piloto comemora o fato de estar dividindo com cada vez mais frequência o espaço aéreo com mulheres mecânicas, despachantes...

Por Isabella Otto Atualizado em 12 mar 2018, 17h36 - Publicado em 11 mar 2018, 11h16

“Já ouvi alguns pouquíssimos comentários menos agradáveis de passageiros que se surpreendem ao me ver sair da cabine, mas tento levar de forma leve”, conta Juliana Rogatto, de 25 anos. A piloto de avião é uma das 197 mulheres, entre os quase 14 mil homens, que comandam aeronaves no Brasil, de acordo com um levantamento da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) realizado em 2016.

As mulheres estão voando alto… Literalmente! Arquivo Pessoal/Reprodução

A surpresa, na maioria das vezes, é positiva, mas denuncia o cenário bastante desigual da profissão. Apesar disso, Ju Rogatto, que trabalha atualmente na Azul Linhas Aéreas Brasileiras, comemora o fato de as mulheres estarem cada dia mais conquistando seu espaço no setor aéreo e mudando essa realidade. “O número de mulheres pilotando tem aumentado consideravelmente e é muito gratificante ver que estamos cada vez mais conquistando nosso espaço, mostrando igualdade e competência.  Não apenas no comando da aeronave, mas dividindo o setor aéreo com mulheres mecânicas, despachantes operacionais de voo e muitas outras que exercem funções que eram consideradas masculinas”, afirma.

Foi aos 17 anos que a piloto decidiu ter “a” conversa com os pais e dizer que gostaria de seguir a profissão. “Tive uma influência familiar, uma vez que meus pais também são da área, mas nunca tinha comentado sobre meu interesse em voar. Apesar de saberem que o caminho seria longo, meu pai e minha mãe me apoiaram desde o início“, conta.

Depois de descobrir a vocação, Juliana começou a fazer o curso técnico. Depois, vieram as aulas práticas, o exame médico e, finalmente, a licença para voar. “São duas: a de piloto privado e a de comercial. As horas de voos devem ser feitas em aeroclubes ou escolas de aviação homologadas pela ANAC, que estão espalhadas pelo Brasil. O tempo de formação é variado e depende muito da disponibilidade do aluno e, principalmente, do planejamento financeiro“, conta a profissional.

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Fotos da ação promocional da Azul Linhas Aéreas Brasileiras para o último Outubro Rosa Azul Linhas Aéreas/Divulgação

A piloto de avião diz que a rotina dela é justamente não ter rotina. Todo mês, ela recebe uma escala com toda a programação de voos e folgas do mês seguinte. Às vezes, Ju ganha day off de dia de semana. Em outras, precisa trabalhar de madrugada. Geralmente, ela faz de um a quatro voos diários. “É uma vida bem corrida, mas, pra gente que gosta, vale muito a pena“, comemora.

Depois da questão da grana (afinal, o curso para se tornar piloto não é barato), talvez o maior empecilho para as mulheres seja entrar em um meio dominado essencialmente por homens. Hoje, menos de 2% dos profissionais da área são mulheres. Dá uma certa insegurança, mas Ju garante que nunca sofreu preconceito dos colegas homens de profissão e que os testes de admissão das companhias aéreas não veem gênero. “Para trabalhar em uma empresa aérea, os pré-requisitos são os mesmos tanto para pilotos homens quanto para pilotos mulheres”, garante.

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Ju levando a mãe para dar uma voltinha de avião Arquivo Pessoal/Reprodução

A piloto Juliana Rogatto conta que jamais se esquecerá de quando teve seus pais como passageiros de um voo comandado por ela pela primeira vez. “Foi uma sensação indescritível”, lembra. A mesma sensação que ela sente toda vez que alguém se surpreende positivamente ao vê-la saindo da cabine. “É muito legal ver a maioria dos passageiros feliz ao ver que uma mulher comandou o voo. Temos que acreditar no nosso trabalho e exercê-lo da melhor forma possível!”, empodera.

Que a piloto de avião (você pode usar a expressão pilota também, sem problemas) Juliana Rogatto te inspire a alçar voos cada vez mais altos e pousar em lugares ainda pouco frequentados por mulheres. #BeTheChange

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