Adolescentes e jovens podem tomar suplementos e fazer academia?
A resposta é sim. Mas especialistas explicam à CAPRICHO quais cuidados que a nossa galera deve ter para não entrar na onda de "trends" equivocadas.
vida fitness chega para todos e, nas redes, o que não faltam são vídeos de rotina de exercícios e alimentação saudável. A trend, agora, é alcançar um dia a dia equilibrado e viver este tipo de ‘lifestyle’ propagado — algumas pessoas podem levar ao extremo, mas a verdade é que incentivar o exercício físico é sempre uma boa alternativa. A prática melhora o condicionamento físico, ajuda a saúde mental e traz diversos outros benefícios.
Ah, e a trend não se popularizou só entre adultos não, tá? Nossa galera também está buscando uma rotina mais saudável e colocando o exercício físico dentro da rotina. Mas, mesmo entre aqueles que já praticam uma atividade física regularmente — que costuma ser a academia — ou entre aqueles que continuam pensando em começar a se exercitar, o que não faltam são dúvidas sobre os impactos do exercício no organismo e até mesmo sobre o uso de suplementos.
No caso dos suplementos hormonais, embora não exista idade mínima indicada para começar a tomá-los, Sávio Diego do Nascimento Cavalcante, médico endocrinologista, alerta que os jovens não devem fazer uso de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA), e afirma que o uso dessas substâncias deva ser “desencorajada para todos os indivíduos”.
O que são EAA?
Os esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) são substâncias utilizadas para aumentar o desempenho e a performance na prática esportiva, além de intensificar a evolução física e estética. O ganho de músculos, por exemplo, que costuma ser demorado, é intensificado pelos EAA.
Mas não pense que eles não causam nenhum dano ao organismo. Os efeitos colaterais são tão graves que o Conselho Federal de Medicina (CFM), há pouco mais de um ano, como afirma o médico endrocrinologista, proibiu o uso dessas substâncias para fins estéticos, de desempenho ou de ganho de massa muscular no Brasil.
Além disso, Sávio lembra que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) já alertou que “não há dose segura nem maneira de evitar o surgimento das complicações do uso indevido de EAA”. Para se ter uma ideia, o médico listou alguns dos efeitos colaterais dos EAA, que são:
- problemas gonadais (os testículos tendem a ficar atrofiados e diminuídos, além da infertilidade);
- ginecomastia (aumento do volume das glândulas mamárias nos homens);
- acne (espinhas faciais e corporais);
- alopecia (queda capilar acentuada, ou as famosas “entradas”);
- hepatotoxicidade (agressão ao fígado);
- perturbações psiquiátricas (dependência, depressão e agressividade);
- afeta o sistema cardiovascular, aumentando o risco de hipertensão (pressão arterial elevada), arritmias cardíacas e até mesmo morte súbita.
Além destes problemas causados pelos esteroides em indivíduos de qualquer idade, nossa galera corre um risco ainda maior, em especial aqueles que estão na puberdade.
Isso porque, segundo Sávio, o crescimento do jovem na puberdade é muito prejudicado se ele faz a utilização de EAA porque “a testosterona administrada acaba sendo modificada para estrogênio dentro do organismo e esse hormônio, dentre as várias funções que ele desempenha, pode levar os jovens ao fechamento precoce das cartilagens do crescimento”.
Ou seja, independente se a sua família costuma ter uma estatura mais alta, se você faz uso de esteroides, pode ter seu crescimento prejudicado e ficar mais baixo que os colegas do mesmo sexo e idade, e abaixo do que era previsto pela genética da sua família.
Suplementos alimentares também não são indicados, CH?
Neste caso, são, sim! Diferente dos anabolizantes e esteroides, que são suplementos hormonais, os suplementos alimentares são derivados de substâncias alimentares e, por isso, podem ser consumidos por jovens, como afirma Sávio. O intuito é fornecer nutrientes que possam estar faltando, como vitaminas, minerais e fibras – não garantir força e ganho exorbitante de massa muscular, como propõem os EAA.
Já quando não há falta de nenhuma substância, o acréscimo serve para ter mais disposição nos exercícios e para auxiliar o ganho de massa magra, por exemplo. Alguns tipos de suplementos utilizados por quem pratica exercício físicos são o Whey protein, a Creatina, o Nitrato, a Cafeína e a Beta Alanina.
O Whey protein, por exemplo, é um suplemento à base do soro do leite, rico em proteínas de alto valor biológico, o que estimula a síntese proteica muscular, ou seja, o crescimento muscular, como explica o médico endocrinologista. “É uma forma prática de garantir a ingestão proteica em qualidade e quantidade adequada, minimizando as calorias”, diz.
Entretanto, mesmo não tendo idade mínima ou máxima para uso, e seja liberada para jovens, Sávio ressalta que “é fundamental procurar assistência médica especializada antes do início do uso para realizar o acompanhamento em longo prazo”. Além disso, é preciso que os suplementos sejam acompanhados por uma dieta saudável e equilibrada, e eles não substituem uma refeição, tá? Os suplementos só trazem benefícios se tomados na dose certa e se você precisar.
E academia, é prejudicial?
Não! Jovens podem malhar, independente da faixa etária e do gênero, como afirma o médico endocrinologista, “mas sempre respeitando os princípios de progressão de carga, descanso, volume de treino e execução ideal sob orientação especializada e seriada a fim de evitar lesões ou qualquer outro prejuízo”.
A prática da musculação, na verdade, traz diversos benefícios ao organismo e ao crescimento do corpo por estimular a síntese proteica muscular (ou seja, a formação de proteínas), o que, segundo Sávio, promove o crescimento muscular, “o que denominamos anabolismo, principalmente quando aliada a uma dieta balanceada com proteínas de alto valor biológico, sendo as de origem animal e, portanto, as com mais aminoácidos”.
Além disso, Sávio pontua outro benefício que tanto jovens, quanto adultos ganham ao executarem exercícios de resistência como a musculação.
“A prática de musculação, por exemplo, em níveis de frequência cardíaca de cerca de 75-90% da capacidade do corpo de utilizar o oxigênio para gerar movimento, apresenta um segundo pico do hormônio do crescimento (GH) do próprio corpo, além do pico habitual na madrugada, e este hormônio também tem ação naturalmente anabólica”, finaliza.