A Agência Internacional de Energia emitiu um alerta informando que a Terra tem até o final de 2020 para evitar uma drástica crise climática, que poderia resultar em um futuro lockdown causado pelos altos níveis de poluição atmosférica, que hoje já mata 7 milhões de pessoas por ano, principalmente no continente Asiático. “Este ano é o último que temos para agir se não quisermos ver uma crise”, disse Fatih Birol, diretor executivo da IEA (em inglês, International Energy Agency).
Apesar da emissão global de CO2 ter diminuído 17% em abril, por causa da pandemia de COVID-19, os governos ainda apostam bastante nos investimentos de alto carbono, muito porque eles são rentáveis para a economia – apesar de prejudiciais para o meio-ambiente. A esperança era de que o mundo pós-coronavírus se tornasse mais consciente, principalmente com relação à natureza. Infelizmente não é o caso. A China, por exemplo, registrou um aumento na poluição desde o final da quarentena. O crescimento de 5% na emissão de dióxido de nitrogênio e de enxofre na atmosfera deve-se ao fato de as indústrias estarem correndo atrás do tempo perdido e do prejuízo.
“Os próximos três anos vão determinar o curso dos próximos 30”, garante o especialista Birol, salientando o óbvio: nosso comportamento hoje vai ditar para as futuras gerações como será viver no planeta Terra. A projeção não é nada positiva. Estima-se que, em 2050, haja mais lixo plástico nos mares e oceanos que peixes. Além disso, calotas de gelo podem deixar de existir por causa do aquecimento global, como as Geleiras dos Alpes. Cientistas ainda alertam que, caso as coisas continuem iguais, em 30 anos, a humanidade pode enfrentar anualmente “20 dias letais de calor”. Vale destacar que hoje ondas de calor já matam centenas de pessoas por ano em todos os cinco continentes. A fauna e flora também são afetadas. É um ciclo sem fim, em que tudo está interligado. Nossos atos têm consequências para o planeta, que nos devolve outras consequências.
O dióxido de carbono é um dos principais poluentes atmosféricos. Ele é emitido durante a queima de combustíveis fósseis, como de veículos e usinas de energia, queimadas e desmatamento, para criação de pastos, na maioria dos casos. A alta concentração de CO2 na atmosfera resulta em chuva ácida, poluição do ar e, consequentemente, na elevação da temperatura da Terra, que causa o derretimento de geleiras, a elevação dos níveis dos oceanos e contribui para o efeito estufa.
Para o executivo Fatih Birol, a luta deixou de ser apenas de ativistas. Ela é de todos, inclusive de economistas, donos de multinacionais e políticos que se beneficiam financeiramente com a emissão de CO2. Além disso, planos de recuperação sustentável gerariam cerca de 9 milhões de “empregos verdes” todos os anos, o que seria positivo para a economia. Talvez não a curto prazo, é verdade, e esse é o “X” da questão: o sistema capitalista não nos permite esperar.