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“Gosto de filmes, música e meninas”: Como Bianka se assumiu lésbica aos 13

Bianka conta como foi esse período de descobertas na adolescência e mostra que ser lésbica é "tão natural quanto a luz do dia"

Por Da Redação Atualizado em 30 jul 2020, 15h10 - Publicado em 29 ago 2015, 12h37

Para muitos, a questão mais difícil de responder é: “Qual é o sentido da vida?”; mas isso é porque não levam em conta outra pergunta muitíssimo recorrente no mundo do Arco-Íris.

Enquanto algumas pessoas nascem com toda a certeza do mundo sobre o que querem e o que gostam, outras passam por fases esmagadoras de questionamentos infinitos e noites perdidas tentando responder: “Cara, quem sou eu?”.

Aos 4 ou 5 anos, quando ainda brincava de casinha, eu sempre queria ser o papai. Não por querer ser menino, mas, sim, por querer ter uma esposa de mentirinha. Enquanto minhas amigas se encantavam com os príncipes das histórias românticas, eu achava aquilo tudo muito sem graça. Lá pela sexta série, lembro que ficava seguindo pela escola uma menina do colegial e nem sabia explicar o porquê. Só sabia que a achava linda e interessante.

Foi com 13 anos que, por curiosidade, uma amiga me beijou e tudo começou a fazer sentido. Eu já sabia muito antes do beijo que eu era diferente, que gostava das meninas e queria estar perto delas o tempo todo – não dos meninos. O que eu não sabia era que isso tinha nome: ser lésbica. A aceitação não é fácil para todo mundo. Muita gente só descobre a verdadeira orientação sexual já na idade adulta, ou até depois de casar e ter filhos. Tem meninas que sentem atração por outras meninas, se apaixonam, mas não têm coragem de falar ou de tomar uma atitude,e acabam escondendo seus sentimentos dentro de uma caixa.

Eu me sentia completamente perdida e sozinha, sem ter com quem conversar, com quem tirar as dúvidas. Tudo o que eu queria era abrir o jogo com a minha mãe, dizer como eu me sentia e pedir conselhos. Mas eu não podia, porque morria de medo de ela surtar, me expulsar de casa e deixar de me amar. Acho que essa é a pior parte: descobrir que você é diferente da maioria e que a maioria não curte muito o diferente.

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Senti o preconceito na pele no dia a dia: na escola, ouvindo comentários maldosos, sendo tratada de forma escrota pelos professores e até mesmo apanhando. Pois é. Sabe o que teria feito toda a diferença? Ter escutado de alguém que tudo ia ficar bem. Que, honestamente, nada é tão ruim que não tenha solução; e que a solução não é se esconder. Muito pelo contrário! Na hora do medo e da solidão, a gente acha que as coisas nunca mais vão melhorar, mas posso afirmar que só vai ser assim se vocês não forem corajosas! E ter coragem não significa não sentir medo. Ter coragem é sentir medo e, mesmo assim, continuar caminhando e buscando sua felicidade. A partir do momento em que você se aceita como é, tudo fica muito mais fácil.

“Mas eu ainda não tenho certeza…”

Se interessar por uma pessoa do mesmo sexo significa que você é homossexual? Talvez. Mas pode ser que você seja bissexual ou que apenas esteja curiosa. Portanto, a primeira dica que eu posso dar é: KEEP CALM !!! Não adianta a gente tentar se apressar, meter os pés pelas mãos e tirar conclusões precipitadas. Experimente, teste, tente, questione-se, vá atrás. Não fique parada tentando definir o que você quer/é baseando-se apenas em teorias. Viva esse momento, seja com um menino, com uma menina ou com um avatar. O importante é que você esteja com alguém que te trate bem.

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Eu já tive experiências de namorar garotas que nunca tinham ficado com outras garotas antes. O namoro foi ótimo, duradouro, terminou (porque sim) e elas nunca mais ficaram com outra menina de novo. E isso não significa que para elas foi uma fase ou que ela estava me enganando. Só significa que, naquele momento, elas gostavam de mim e era isso que importava. Antes de assumir qualquer coisa, você precisa vivê-la, você precisa sentí-la e você precisa chegar ao ponto em que sua certeza é tão grande que contar para os outros vai ser um alívio, não um pesadelo. Não se preocupe em responder: “Será que sou lésbica?”. Preocupe-se em responder apenas: “eu gosto dessa pessoa?”. O que importa é o sentimento.

AGORA EU TENHO CERTEZA. COMO ME ASSUMIR?

Quando somos adolescentes, é muito difícil sentir que podemos conversar sobre qualquer coisa com nossos pais. Mas, ei, eles são nossos pais! <3 Comigo, funcionou da seguinte forma:

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a) contei para eles quando já tinha muita certeza do que estava sentindo;

b) falei rápido, sem enrolar muito, mas com bastante calma;

c) escolhi um momento em que tudo estava tranquilo em casa.

Se você não for do tipo que consegue se expressar muito bem falando, pode escrever uma cartinha contando tudo, entregar para eles e pedir que eles leiam na sua frente. O importante é que você mesma diga. Em alguns casos, os pais vão aceitar logo de cara, sem preconceito. Em outros, vão ficar muito tristes, talvez até bravos, sem saber o que fazer. Eles podem te dizer que isso é uma fase, que é culpa das más companhias, que você está confusa? Não fique magoada com eles. Infelizmente, a gente ainda vive em um mundo onde as pessoas têm preconceitos.

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Meu pai e minha irmã, por exemplo, me aceitaram na hora. Minha mãe, por outro lado, demorou nove anos para me aceitar totalmente. É muito tempo, mas valeu a pena! Hoje, ela recebe minha namorada em casa e a convida para as viagens de família. E tudo isso só aconteceu porque eu tive paciência e nunca desisti de provar para ela que eu continuava sendo a mesma filha de sempre. Foi assim que ela aprendeu que, apesar de não entender bem a minha “escolha”, o amor vem em primeiro lugar.

E se você tem medo de perder amigos por causa da sua orientação sexual… Bom, se uma pessoa deixar de ser sua amiga só porque você é lésbica, então, talvez, a amizade dela não seja tão sincera assim, né? Faça amigos novos! Tenho certeza de que aqueles poucos e bons vão continuar correndo ao seu lado.

Deu tudo errado? Deu tudo certo? Seja forte! Nunca deixe de ser você mesma. Nunca permita que te coloquem para baixo. Tenha paciência e lute pela sua felicidade. Vai por mim: a vida no Arco-Íris pode ser muito legal!

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