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Especial 8M: Como o mundo seria se o machismo acabasse hoje?

Convidamos jovens de todo o Brasil para imaginar um futuro possível; no primeiro vídeo da série, Mariah Nala e Samela Awiá respondem à pergunta.

Por Isabella Otto Atualizado em 13 mar 2022, 18h59 - Publicado em 8 mar 2022, 13h30

“Minha esperança é inexistente ou forte demais”.

Esta frase de Clarice Lispector (é realmente dela, eu juro) faz parte da coletânia As Palavras & O Tempo, lançada pela Editora Rocco em 2021 e resume perfeitamente meu sentimento sobre um mundo que não foi feito para as mulheres. Se em um momento estou acreditando que as coisas realmente podem mudar, em outro estou desesperançosa, pensando que não há mais saída, que é melhor derrubar tudo e construir logo um estacionamento. Quando é que chega o meteoro mesmo?

No Brasil, a cada 10 minutos, uma mulher é estuprada. A cada 7h, um feminicídio acontece. Os dados mais recentes do relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) são um alerta. Durante a pandemia, o Ligue 180, da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, registrou um aumento de 36% nos casos de violência doméstica. No mundo, uma em cada três mulheres irá sofrer violência em algum momento da vida, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Muitas vezes, neste cenário, fica difícil traçar perspectivas e possibilidades de mudança de um cenário que é nocivo à todas as mulheres. Mas e se a gente fizesse um exercício juntas? Como seria se o machismo não existisse mais? Já parou para fazer esta reflexão e o quanto ela pode movimentar o nosso imaginário? Este foi o estopim para a CAPRICHO criar o especial que lançamos hoje, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

Para concretizar este exercício de imaginação de futuro, nós convidamos algumas personalidades f#d@s e influentes no universo jovem de todo o país para responder à esta pergunta que, parece simples, mas revela complexidade: “Como seria se o machismo acabasse hoje?”. Nós transformamos as respostas que recebemos em uma série de vídeos que, ao longo desta semana, serão lançados em nosso site e em nossas redes sociais.

Mergulhamos nesta temática para entender como seria esse mundo utópico, levando em conta pontos de vista e vivências plurais de ser jovem e mulher no Brasil de hoje. O primeiro vídeo, com Mariah Nala e Samela Awiá, nos convida a pensar em um mundo com mais dignidade para as mulheres e meninas indígenas, e que tenha homens e mulheres mentalmente saudáveis para construir relações como mães, pais – e até filhos e filhas, porque não?

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Se o machismo acabasse hoje eu sairia de casa com mais segurança e voltaria com dignidade que respeito que mereço independente das minhas vestimentas e dos meus comportamentos”, respondeu Mariah. Samela complementa, afirmando que, se o machismo acabasse hoje, “mulheres indígenas teríamos muito mais oportunidades e estaríamos em mais espaços de tomada de decisão.”

Ambas tem vivências diferentes. Mariah é uma jovem negra de 16 anos, nascida e criada em Barueri, região metropolitana de São Paulo. Engajada, ela dá voz a milhares de meninas nas redes sociais e tem referências como Beyoncé, Iza e Elsa Soares. Já Samela é uma mulher indígena de 25 anos, pertencente à tribo Sateré Mawé. Ela é ativista do movimento pelas mulheres e pelo clima, além de apresentadora no Canal Reload e colunista no site Amazônia Real.

Assista ao primeiro vídeo da série:

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Já eu tenho outra vivência. Sou uma mulher branca que disfruta de muitas oportunidades. Estudei em escola e universidade particulares, sou cisgênero e heterossexual, não tenho nenhum tipo de deficiência física, e consegui e consigo acessar espaços que ainda hoje não são acessados por grande parte da população, seja por questões socioeconômicas, raciais, de mobilidade, gênero ou identidade. O ponto de partida definitivamente não é o mesmo, mas há um lugar que, infelizmente, é comum a nós: o machismo.

É até difícil encontrar uma resposta para esta pergunta, mas a primeira coisa que me vem à cabeça é pensar que, se o machismo acabasse hoje, não teríamos que nos deparar com notícias sobre altos índices de feminicídio no Brasil e no mundo. O dado de que 68% das brasileiras conhecem uma ou mais vítimas de violência doméstica ou familiar, ou que 27% declaram já terem sofrido algum tipo de agressão por um homem, seria ilusório.

Essa masculinidade perversa não existiria e nós não seríamos vulneráveis simplesmente por sermos mulheres. A luta continuaria existindo, é claro, mas talvez por outras conquistas que não fossem tão básicas como o direito de estudar, trabalhar, votar, ter controle sobre nossos próprios corpos e existir com dignidade. O passado deixaria de existir? Não sei. Talvez sim, se levarmos em conta que aniquilar o machismo hoje significaria apagá-lo da História.

Absolutamente tudo mudaria, de textos sagrados religiosos à estrutura familiar. Ou podemos imaginar que o passado ainda existiria e o fim do machismo significaria apenas um futuro mais promissor e justo, com mais autonomia e menos violência. E para você, como seria essa nova realidade? A CH também quer te ouvir! Compartilhe o seu relato nas redes sociais com a hashtag #GirlPowerCH.

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Assista a todos os vídeos da série abaixo:

Vídeo 1: “Em um mundo sem machismo, nós seríamos muito mais livres e reconhecidas”

Vídeo 2: “Sem machismo, não estaríamos tão insatisfeitas com nós mesmas”

Vídeo 3: “Se o machismo acabasse hoje, ninguém mais me cobraria para ter filhos”

Vídeo 4: “Que as mulheres conquistem cada vez mais o espaço que elas merecem”

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Vídeo 5: “Sem machismo, as mulheres trans poderiam ir muito mais longe”

Vídeo 6: “Os homens teriam mais responsabilidade afetiva em um mundo sem machismo”

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