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Exclusivo: sobrevivente do “Serial Killer de Brasília” narra terror vivido

Silvia Campos teve sua chácara invadida por Lázaro Barbosa, que a fez de refém: "Ele falou que tinha que ir ao encontro de Jesus Cristo"

Por Gabriela Junqueira 18 jun 2021, 13h36
Ao centro, modelo usa cropped azul de manga comprida. Ela está com uma das mãos na cintura, sorrindo. De um lado, a frase
Marisa/Divulgação

No dia 9 de junho, uma quarta-feira, Lázaro Barbosa, de 32 anos, que ficou conhecido como o “Serial Killer de Brasília”, assassinou quatro pessoas de uma mesma família. Primeiro foram confirmadas as mortes de Cláudio Vidal, de 48 anos, de Gustavo Marques Vidal, de 21, e de Carlos Eduardo Marques Vidal, de 15. O corpo da mãe, Cleonice Marques, de 43, que havia sido sequestrada pelo maníaco, foi encontrado após três dias, perto de um córrego, nu e com cortes. No dia seguinte, 10, o criminoso invadiu outra chácara, a de Silvia Campos, de 40 anos. No local, estava também o caseiro Anderson, de 18. Em conversa com a CAPRICHO, Silvia relata os momentos de terror e tensão vividos na presença do assassino em série.

Imagem de árvores, pedaços de madeira, e o pôr do sol ao fundo
Imagem da chácara da vítima, que mostra sua propriedade na zona rural Acervo Pessoal/Reprodução

A mulher soube que o criminoso já estava de tocaia no seu sítio desde às 4h, só esperando alguém aparecer. Ele mesmo contou isso para ela depois. Por volta das 11h20, Lázaro abordou o caseiro, que estava na horta, o rendeu e perguntou se tinha mais alguém na propriedade, seguindo-o até a porta da casa. Assim que foi chamada, como algumas portas e janelas estavam fechadas, a mulher não viu que Anderson estava acompanhado. “Quando abri a porta, o homem já perguntou: ‘Tem dinheiro? Tem arma?’; aí eu respondi que tinha o dinheiro do menino que limpava a piscina. Ele pediu para eu fazer comida para ele e perguntou se eu já estava inteirada de quem ele era e do que havia feito, respondi que sim. Ele disse depois: ‘Pois é, aquela família lá só morreu porque um deles reagiu’. Ele disse que por isso começou a atirar e depois ‘a matar com a faca'”, contou a sobrevivente.

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“Mas ele não comentou o que tinha feito com a Cleonice, porque até então ela estava desaparecida”, lembra. “Enquanto eu estava cozinhando, ele tirou as facas de perto de mim e pegou o facão que estava em cima da geladeira. Nisso, ele amarrou o caseiro. Depois, ele trancou a gente dentro de um quarto, comeu, ligou a televisão, viu o jornal e depois foi tomar banho“, conta. Após o banho, Lázaro começou a conversar com os dois sobre sua vida. “Falou que tinha filha, que temos que dar valor para os filhos, que a gente tem que ir pra Igreja… Falou até que já havia sido pregador, que tinha que ir ao encontro de Jesus Cristo. Falou do pai, depois mais uma vez da filha. Disse que, se alguma coisa acontecesse com ela, ele mataria [mais] e a polícia teria trabalho para pegar os corpos“, revelou.

Lázaro Barbosa forçou Silvia a experimentar maconha. Sem querer, mas obrigada, a mulher fingiu um trago. O criminoso percebeu e a forçou novamente a usar direito a droga. Por volta das 15h, ele foi embora, mas só depois que a bateria do seu celular carregasse totalmente. Parecia despreocupado, seguro. Lázaro deixou o caseiro Anderson e Silvia trancados no quarto e deu para eles um novelo de lã, para que tentassem “pescar” a chave, que havia sido estrategicamente colocada perto da janela. Anderson teve a ideia de prender um brinco no novelo, e assim conseguiram pegar a chave. O caseiro havia escondido um celular na cueca, e imediatamente após saírem, Silvia mandou mensagens para os seus pais usando o Wi-fi da propriedade. Como o sinal de celular é ruim, foi a família que conseguiu acionar a polícia militar, que tem um batalhão rural na região.

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“Sempre fica aquele trauma”, diz a vítima, que pretende buscar ajuda psicológica após experiência de horror sob a mira e o revólver de um assassino em série. Segundo ela, na região da Ceilândia (DF), onde mora sozinha desde o ano passado, após enfrentar um divórcio, acontecem assaltos, mas nada parecido com o que está ocorrendo hoje. “A Polícia Civil, muitas vezes, só vai quanto tem morte, já para fazer a perícia”, lamenta. “Lá tem muito roubo, porque é uma região que conecta estados, que sai da BR e vai para a BR”, explica.

Imagem do serial killer de Brasília com o escrito de procurado. Ele é negro e tem o cabelo liso e bigode
Polícia Civil/Divulgação

“Não quero voltar a morar lá tão cedo”, diz a sobrevivente, que, por enquanto, só voltou à chácara para buscar algumas roupas. “Vou ver o que vou fazer agora… Vou ir atrás do psicólogo que a delegacia disponibiliza… Vou tentar seguir a vida”, diz Silvia Campos, mãe de cinco filhos, com a voz embargada.

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ONDE ESTÁ O “SERIAL KILLER DE BRASÍLIA” AGORA?

Na última quinta-feira, 17, a polícia chegou a cercar Lázaro Barbosa, que estava na região de Cocalzinho de Goiás, fazendo mais uma família de refém. Houve uma troca de tiros e as autoridades acreditam que o criminoso tenha sido acertado por uma bala. Mais uma vez, o procurado conseguiu fugir. Acredita-se que ele esteja, como de costume, escondido na mata fechada.

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