ão importa de você é negra, branca ou amarela, magra ou gorda, cis ou trans, pessoa com deficiência ou tenha marcas como cicatrizes, estrias e acne. Hoje existe uma pessoa que se parece com você produzindo conteúdo na internet. E isso é ótimo!
Mas há pouco mais de dez anos, quando as influenciadoras começaram a surgir, era difícil dar follow em alguém que falasse sobre moda e beleza, por exemplo, mas que não fosse branca, magra e muito provavelmente de classe média alta.
Isso porque, naquela época, ainda não dava para ganhar dinheiro com conteúdo e “os corpos que começaram a surgir na internet repetiam os mesmos padrões estéticos que a gente via na televisão e nas passarelas”, lembra a professora Issaaf Karhawi, autora do livro “De blogueira a influenciadora” (R$ 40, Amazon)*, em conversa com a CAPRICHO.
Não era o melhor dos mundos, claro, mas graças às antigas blogueiras, que aos poucos migraram para o Instagram, o mercado começou a olhar para a influência como profissão.
Agora, durante o que Issaaf chama em seu livro de “segunda onda” da influência, todo mundo pode participar da brincadeira. Ou seja: quem quiser pode não só consumir todo tipo de conteúdo, como passar a produzi-lo.
Segundo ela, estamos cada vez menos interessados em um padrão estético distante do que vemos no espelho, mas buscando histórias que nos inspiram e com as quais a gente se identifica –seja porque aquela influenciadora tem o corpo parecido com o meu, seja porque vive uma realidade próxima da minha.
“A gente vive uma busca constante pela autenticidade. Estamos cansados daquelas imagens perfeitas que foram tão divulgadas pelas influenciadoras”, percebe a professora –não por acaso o bereal, que é um aplicativo sem filtro e sem edição, faz tanto sucesso.
A gente vive uma busca constante pela autenticidade. Estamos cansados daquelas imagens perfeitas que foram tão divulgadas pelas influenciadoras
Isaaf Karawi, especialista em influência
E, se há uma ou duas década as famosas eram todas muito parecidas e ditavam apenas os desejos de consumo de meninas e mulheres comuns –como um atom ou roupa da moda, a cor de cabelo mais legal do momento– agora, as influenciadoras compartilham recortes da vida pessoal, de momentos mais íntimos, como a pele sem maquiagem ou uma crise de ansiedade.
Assim, elas pautam não só o que queremos comprar, mas os nossos hábitos de saúde física e mental, nossas discussões, aquilo em que acreditamos. E, sim, existe um lado bom em tudo isso. Afinal, queremos criar um imaginário que está longe da perfeição, né?