Na semana em que é celebrado os 90 anos da conquista do voto feminino no Brasil, a ONG #ElasNoPoder, que trabalha por mais representatividade em espaços de poder, lança a Indique Uma Mulher, uma campanha nacional que deseja encontrar futuras líderes para as eleições de 2022.
“O histórico de sub-representatividade e falta de incentivo impede que elas se sintam naturalmente aptas e apoiadas para pleitear um cargo de liderança”. Por isso, explica, “a candidatura de mulheres se configura como um ‘esforço coletivo’ e não uma luta ‘individual’”, afirma Letícia Medeiros, cientista política e co-fundadora da organização.
Segundo a organização, a iniciativa “consiste em promover maior conscientização e encorajamento para que mais candidatas busquem um lugar na política, superando um dos grandes entraves para a entrada delas nesses espaços, a falta de estímulo social”.
A mobilização, que vai até o prazo final de filiação partidária, no dia 1º de abril, tem como objetivo alcançar mulheres em todos os estados do Brasil, tanto as que nunca cogitaram (ou não cogitam no momento) se candidatar, quanto as que já pretendem concorrer a um cargo público.
A campanha também é pautada pela diversidade, com incentivo à indicação de mulheres pretas, pardas, indígenas, quilombolas, da comunidade LGBTQIA+ e PCD. Você pode indicar a sua candidata no link da plataforma criada pela ONG.
Após a indicação, as futuras candidatas contarão com apoio da ONG para sua formação política e no desenvolvimento de estratégias de campanha, com acesso a uma comunidade virtual, onde poderão entrar em contato com indicadas de outras regiões do País, participar de encontros virtuais com mulheres já eleitas, além de contar com treinamentos e mentorias online.
Porque isso é importante?
Você sabia que, mesmo com a existência das cotas de 30% de candidaturas e do fundo partidário, a falta de apoio dos partidos e da sociedade ainda são uma das grandes barreiras para a entrada de mulheres na política? Entre elas, estão a falta de apoio dos próprios partidos e sociedade. Nas eleições de 2018, elas ocuparam apenas 16% dos cargos, apesar de somarem 52% da população geral.
Além da questão da representatividade, diversos estudos já mostraram os impactos positivos de se ter mais mulheres eleitas na política, como a redução dos índices de corrupção, a diminuição da mortalidade infantil e melhores resultados no combate à pandemia do coronavírus.
Ao longo dos anos, para incentivar o ingresso de mulheres e LGBTs na política, iniciativas como Vote Nelas, #ElasNoPoder e Me Representa têm surgido para garantir que os espaços de poder sejam ocupados também por essas pessoas e que elas sejam reconhecidas por suas aspirações, feitos, vontades e representatividade.
Iniciativas como estas não apenas contribuem para que meninas e mulheres reconheçam suas potencialidades, se sentindo legitimamente admiradas, encorajadas e fortalecidas para concorrerem – e assumirem – cargos de liderança política no médio e longo prazo, como também convida homens, meninos e a sociedade de um modo geral a se conscientizar sobre a importância de termos mais mulheres na política.