O inverno deu as caras de novo em São Paulo. Semanas atrás eu estava na piscina, um sol escaldante, e agora a janela mostra o tempo cinza de “éssipê” e seus 9 graus celsius.
Fiz chá de gengibre, ajuda a esquentar, e sentei na frente do computador pra escrever. E nada. Absolutamente nenhuma ideia decente. Meus dedinhos deslizaram pra uma outra aba e eu abri o arsenal do ócio: Netflix, prime video, hbo max…
Horas rolando as páginas, tentando achar algo que me ajudasse a ir pra outro lugar, eu sempre me engano achando que as boas ideias vem de estímulos externos.
Fechei o computador, abri um livro. Amar pode dar certo, Roberto Shinyashiki. O livro é maravilhoso, mas eu tava com o mesmo nível de atenção de um peixe betta.
Tentei comer, achei tudo tão sem graça que desisti, não sem antes abrir a geladeira três vezes esperando que algo delicioso e surpreendente aparecesse do nada.
Voltei ao meu lugar no sofá. O chá de gengibre frio, na TV uma série dublada rolando.
E então eu entendi, a tristeza não me tira só o apetite, o brilho, ou qualquer outra coisa comum de se perder estando na bad. A tristeza me tira a criatividade.
Não há nada pior que a apatia, sinto nada.
Quando meu coração está partido eu não vejo muita graça nos dias, e tudo que existe basta, não consigo criar nada além.
E depois de alguns anos de experiência na vida afetiva, quebrando a cara por ai, eu já entendi que não tem como forçar. Às vezes é só aceitar essa fase meio quietinha. Um tempinho em silêncio, umas boas doses de chá, se tiver sorvete tá ótimo e terapia em dia.
Não aceitamos dias mais tristes, queremos sempre o melhor do melhor e esquecemos que pra ficar bem precisamos sentir. E sentir não é fácil, nem simples e ás vezes o tempo fica longo. Mas é assim mesmo!
To dando uma folga forçada pra mim mesma. Férias pro meu coraçãozinho.
Vou fazer mais um chá de gengibre. E você? O que decidiu fazer?