entro de uma relação, mesmo que seja correspondida, sempre existe uma pessoa que ama mais? Essa é uma discussão antiga, comum e bem complexa. Afinal, o amor é um sentimento, portanto, subjetivo e imensurável. Mas há alguns pontos interessantes para pensar sobre essa questão – vamos apresentá-los a vocês para pensarmos juntos.
A psicóloga Renata de Azevedo, especialista em terapia de casal, enfatiza em entrevista à CAPRICHO que não é possível mensurar o amor ou qualquer outro sentimento, mas dá para medir o comportamento dos indivíduos dentro de uma relação. O quanto a outra pessoa cuida, se esforça para as coisas darem certo, se ela cede de vez em quando. Tudo isso é concreto e perceptível.
bell hooks, no livro ‘Tudo sobre amor’*, propõe que pensemos no amor como uma ação, em vez de um sentimento. Isso é uma forma, segundo ela, de fazer com que assumimos responsabilidade e comprometimento, já que existe a ideia de que não temos controle sobre nossos sentimentos.
“Se nos lembrássemos constantemente de que o amor é o que o amor faz, não usaríamos a palavra de um jeito que desvaloriza e desagrada seu significado. Quando amamos, expressamos cuidado, afeição, responsabilidade, respeito, compromisso e confiança”, escreveu a teórica norte-americana.
Dito isso, Renata acrescenta que existem diferentes formas de demonstração de afeto. “Às vezes, as duas pessoas estão demonstrando com a mesma intensidade, só que de maneiras diferentes, e o casal pode ter dificuldade para entender isso”, explica a psicóloga, ressaltando a importância do diálogo aberto.
Para a especialista, “uma relação equilibrada é quando as duas pessoas entendem que estão dando o melhor de si, independente da visão do outro sobre o sentimento”.
Uma relação deve ser dinâmica
Rosa Claudia, psicóloga e fundadora do Núcleo de Atendimento ao Amor Patológico (NAPA), defende que, para viver uma relação saudável, é importantíssimo que haja movimento e fluidez. Tem momentos que uma das pessoas está mais envolvida do que a outra, aí depois os dois ficam na mesma sintonia, até que um fica mais distante por um tempo por questões da vida e depois as coisas se equilibram novamente e por aí vai.
“Esse movimento não quebra o vínculo do amor, o que quebra, na verdade, é o casal estar em uma hierarquia rígida e estratificada de um ter mais poder do que o outro”, diz à CH.
A especialista rejeita a ideia muito difundida por aí de que todo relacionamento é composto por um amado e um amante. Ou seja, uma pessoa que ama e faz de tudo pela relação por enquanto a outra fica em uma espécie de pedestal. Segundo ela, essa dinâmica caracteriza uma cena de amor patológico – quando há o comportamento repetitivo e sem controle de prestar cuidados e atenção excessivos ao parceiro(a) em um relacionamento amoroso.
Esse tipo de relação, ressalta a psicóloga, não é confortável nem para o “amado”. Ele pode até sentir que está em uma posição superior e que isso é positivo, mas não é bem assim. “Ele é visto como um objeto de desejo, não como um sujeito dentro da relação, e isso é muito ruim”, explica.
Além disso, buscar relacionamentos em que a outra pessoa gosta mais pode sinalizar, segundo a psicóloga, um medo escondido de ser rejeitado, abandonado e sentir dor. “Para sair dessa lógica, é importante trabalhar o amor próprio. Gostar de você mesmo e se preencher de si mesmo é a base principal para você estar num relacionamento amoroso equilibrado e saudável”, finaliza.
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