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“Dos 100 países em que já estive, Brasil está entre os 10 mais perigosos”

A jornalista e turismóloga Gilsimara Caresia conta as alegrias e tristezas que aprendeu durante seus dois anos viajando o mundo sozinha.

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 12 mar 2020, 16h29 - Publicado em 11 mar 2020, 16h27

No último final de semana, 7 e 8 de março, aconteceu o II Encontro Mulheres Viajantes, em São Paulo, no Teatro Santo Agostinho. O evento, criado por Gilsimara Caresia, jornalista e turismóloga que já viajou para mais de 100 países, reuniu aproximadamente 600 mulheres – inclusive numa data bastante significativa, o Dia Internacional da Mulher!

Gilsimara Caresia ao lado de algumas das palestrantes do II Encontro Mulheres Viajantes. Encontro Mulheres Viajantes/Reprodução

Depois de 17 anos trabalhando no mercado financeiro, Gilsimara decidiu reservar dois anos da sua vida para uma volta ao redor mundo. Durante a viagem, criou um grupo no Facebook, o “Mulheres Viajantes e Mochileiras”. Percebendo o alto número de perguntas sobre viagens que recebia, quando voltou ao Brasil, decidiu marcar um encontro com o público que a acompanhava. O que ela não esperava é que mais de 150 mulheres compareceriam ao hostel combinado.

Juli Hirata, uma das palestrantes, ao lado de Gilsimara e a estagiária de comportamento da CH Gabi Junqueira. Verônica Pádua/Reprodução

A jornalista sentia que faltava algo que unisse as viajantes, e decidiu que era preciso agir. Foi assim que surgiu o GirlsGo, projeto que incentiva as mulheres a viajarem e, depois, o Encontro de Mulheres Viajantes. “Hoje vejo o público e sei que tem muita gente que está na plateia e tem condições de estar no palco. Muitas mulheres que estão no palco este ano, por exemplo, estavam na plateia no ano passado. É um momento de partilha muito grande”, conta Gilsimara.

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Questionada sobre o que diria para as mulheres que sonham em viajar mas não sabem por onde começar, Gi dá alguns conselhos: “acho que, na maioria dos casos, quando alguém diz que quer viajar sozinha, a família fica um pouco receosa, por questões de segurança. Então, é importante respaldar a família de tudo o que pode deixá-los mais seguros, como manter contato”.

Em relação ao destino, a turismóloga disse que vale começar por algum lugar próximo, como uma praia. Se a ideia for mesmo ir para outro país, Gi sugere países que tenham uma cultura parecida com a sua, como Argentina e Portugal.

Como viajantes, as mulheres também encaram situações diferentes das vividas pelos homens apenas por serem do sexo feminino. Caresia sentiu principalmente os questionamentos em relação ao porquê dela estar só ou em relação as suas escolhas pessoais. “O que eu mais sentia na pele eram as pessoas perguntando por que eu estava sozinha, por que não queria ter filhos, por que não era casada. Era como se eu, viajando sozinha, fosse um ser incompleto, e isso me incomodava“, disse.

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Em relação ao medo da violência sexual, Gi conta que, talvez por causa da sua altura, acredita que não tenha passado por riscos mais agressivos. “Uma das coisas que eu infelizmente digo é que dos 100 países em que já estive, o Brasil está entre os 10 mais perigosos“, lamenta.

O Teatro Santo Agostinho, onde aconteceu o evento, estava bem cheio! II Encontro Mulheres Viajantes/Reprodução

Apesar dessas situações, a estrada teve um papel muito importante na sua vida. “Acho que durante as viagens vivi situações que seriam impossíveis viver no meu dia a dia convencional. Você é exposta a novas culturas e situações de vulnerabilidade em que precisa ser mais flexível e poderosa“, conta a jornalista. 

Depois de uma viagem, sempre voltamos com alguma aprendizado ou descoberta. E depois de dois anos viajando o mundo? “Bom, eu aprendi quais eram todos os meus limites e potenciais, e trouxe para a prática, porque a pessoa que subiu a montanha é a que hoje sobre no palco. Talvez, se eu não tivesse subido a montanha, jamais subiria no palco“, conclui.

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