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Diário de Intercâmbio: cidade grande X cidade pequena

Cah Doria, nossa intercambista na Espanha, conta como foi sair de uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes e morar em uma com pouco mais de 52 mil.

Por Catharina Doria Atualizado em 22 fev 2018, 15h35 - Publicado em 22 fev 2018, 15h21

O meu maior medo de mudar de país era sair da cidade grande e ir para uma pequena. Para quem pegou o bonde andando, explico: estou morando em Segóvia, uma cidade bem pequenininha na Espanha. Aqui, a população é de mais ou menos 52 mil habitantes. “Ah! Mas isso não parece ser tão pouco, Catharina?!”. Veja bem, eu morava em São Paulo, um lugar com mais de 10 milhões de habitantes. Fazendo os cálculos aqui (e olha que sou de humanas), a diferença é de ~apenas~ alguns milhões! #risosnervosos

https://www.instagram.com/p/Bd_GozKn4oZ/?taken-by=cahdoria

Vou jogar a verdade assim na lata: o choque é gigante, mas isso não é necessariamente ruim. O que quero dizer com isso? Eu sou apaixonada por Segóvia. Eu simplesmente amo morar aqui! Nas cidades grandes, tudo é muito longe, e isso me incomoda bastante. Em SP, para ir de um lugar para outro, eu precisava de, no mínimo, uma hora. Aqui em Segóvia, se eu quero ir para o centro da cidade, posso simplesmente ir à pé e levo apenas 7 minutos. Preciso comprar shampoo? Fácil! Com 2 minutinhos de caminhada, chego lá. Quero comer uma barra de chocolate? 3 minutos, no máximo.

Isso me leva para outro ponto maravilhoso: sair com amigos. Eu me lembro de que, em São Paulo, eu precisava marcar todos os rolês com, no mínimo, um dia de antecedência. Não dava para ser de uma hora para outra, sabe? Aqui em Segóvia não é assim. Se eu quiser sair à noite, basta mandar uma mensagem para os meus amigos, porque todos moram perto. Ninguém precisa muito gastar para se locomover, ninguém se estressa no trânsito… Não poderia ser melhor!

Essa é a vista do meu quarto! Arquivo Pessoal/Reprodução
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A segurança é outro ponto muito importante. Eu tinha muito medo de andar sozinha à noite em São Paulo ou de transporte público. Nunca me sentia 100% segura. Aqui no interior da Espanha, mesmo de madrugada, eu consigo voltar para casa sozinha, escutando música no meu fone de ouvido, tranquila da vida. Eu amo essa liberdade de poder ir e vir sem medo de sofrer um assédio ou um assalto a cada esquina. Eu sou apaixonada por Sampa e sinto saudade de lá, veja bem, mas é diferente. Não posso negar. A segurança é uma das coisas que mais pesa.

Agora, nem tudo são flores, não é mesmo? O lado ruim de morar em uma cidade pequena é a falta de variedade. Do quê? De tudo! Restaurantes, festas, mercados… Em Segóvia, a gente só tem duas baladas: Irish e Vinilo. Elas são superlegais nas primeiras quatro vezes, mas depois elas cansam. Sempre a mesma playlist, sempre as mesmas pessoas, sempre as mesmas coisas. Fica chato. Em São Paulo, existem inúmeras opções de festas, restaurantes, passeios… Cansou de ir a baladas de funk? Tem balada de pop. Cansou de pop? Tem sertanejo. Cansou de sertanejo? Tem rock. 

Esse é Alcazar, o castelo que serviu de inspiração para o castelo da Cinderela! Prometo contar mais detalhes em outro post. Arquivo Pessoal/Reprodução
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Outra coisa meio chata é que aqui só existem sete restaurantes delivery. Tem um de comida japonesa, um indiano, um italiano e alguns de comida árabe. Essas são nossas opções. Parece um problema pequeno, mas eu não posso cozinhar no meu primeiro ano de faculdade. Então, só tenho essas opções mesmo – que, por sinal, não são nada saudáveis.

Os horários também são bastante diferentes. Em São Paulo, tudo é as mil maravilhas! As lojas estão sempre abertas 24h por dia e, se não for assim, pelo menos, ficam abertas das 10h às 22h. Aqui, meu amor, não é bem assim! Em Segóvia, as lojas abrem às 10h e ficam abertas até às 14h. Por quê? Aqui existe a ciesta, uma parte muito importante da tradição espanhola. A ciesta é um costume do descanso depois do almoço. Isso significa que todas as lojas fecham das 14h às 17h. Essa tradição é muito legal, mas isso não significa que seja fácil. A gente está acostumado a ter tudo aberto o tempo todo, então é meio estranho ir para cidade às 15h e ter que voltar para casa porque está tudo fechado. Você tem que se organizar direitinho!

Mas a vida é feita disso, né? Lados positivos e negativos em tudo! Espero que isso tenha ajudado vocês a decidirem se vale a pena ou não mudar para uma cidade pequena. É uma experiência temporária para mim, mas que estou curtindo e aprendendo muito!

Mil beijos,
@cahdoria

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