Em 1988, a Organização Mundial da Saúde escolheu 1º de dezembro para celebrar o Dia Mundial da Luta Contra a Aids. Além de ser uma forma de conscientização sobre a doença, a data serve para quebrar tabus que ainda existem sobre ela.
A Aids, Síndrome da Deficiência Imunológica Adquirida, é causada pelo HIV, retrovírus que ataca as células do sistema de defesa do nosso corpo. Quando alguém é infectado pelo HIV, passa a ser soropositivo – entretanto, pode demorar anos para que a pessoa apresente (caso apresente) os sintomas da síndrome.
A seguir, você confere as principais fake news sobre o assunto que não podem mais circular por aí:
1. “Aids e HIV são a mesma coisa”
Há quem ainda confunda as duas coisas ou as considere sinônimos. Na realidade, a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Humana) é a doença causada pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), mas nem toda pessoa soropositivo, ou seja, que possui o vírus no organismo, tem Aids. Às vezes, a pessoa pode viver anos com o vírus dentro do corpo sem desenvolver a doença.
2. “Toda pessoa que tem HIV transmite o vírus”
Há exceções. Em alguns casos, a carga viral está tão baixa, por causa do tratamento, que se torna indetectável. Com isso, o portador não transmite o vírus por via sexual – mas continua transmitindo em doações e transfusões de sangue, por exemplo. De qualquer forma, o acompanhamento médico é sempre necessário. Ter carga viral indetectável significa tê-la num nível inferior a 40 cópias/ml de sangue por pelo menos 6 meses.
+: É possível portar o vírus HIV e não transmiti-lo?
3. “Só se pega Aids transando sem camisinha”
Realmente, o Vírus da Imunodeficiência Humana é considerado uma Infecção Sexualmente Transmissível, mas é possível ser infectado por ele de outras formas além do sexo (vaginal, oral e anal) sem proteção:
- compartilhando seringas;
- por meio de instrumentos que furam ou cortam não esterilizados;
- de transfusão de sangue contaminado;
- de mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação.
4. “Dá para pegar Aids beijando”
Err, não é bem assim! Pra começar, não se contrai a doença, se contrai o retrovírus, como já explicamos anteriormente. E o HIV está presente no sangue, no esperma ou na secreção vaginal, não na saliva, no suor ou na lágrima. Para haver a transmissão, é preciso haver uma contaminação direta. Por exemplo, no caso do beijo, seria necessário que a pessoa soropositivo estivesse com um machucado aberto na boca e você também, e que o sangue um do outro entrasse em contato de alguma forma. É algo dificílimo de ocorrer, como esclarece Ralcyon Teixeira, médico infectologista e supervisor do Pronto Socorro do Instituto Emílio Ribas. Érico Arruda, médico infectologista do Hospital São José de Doenças Infecciosas, esclarece que, em 90% dos casos, a contaminação se dá pela relação sexual desprotegida.
5. “Uma mulher com HIV não pode nunca engravidar”
Transmissão vertical é quando a mãe soropositivo passa o vírus para o bebê durante a gestação. Contudo, se essa pessoa seguir todas as recomendações médicas, a possibilidade de infecção diminui para níveis menores que 1%. Em 2017, por exemplo, Curitiba foi a primeira cidade brasileira a eliminar a transmissão vertical. Ou seja, é sim possível engravidar e dar à luz um filho sem o diagnóstico. A gravidez, é claro, precisará de um planejamento e um acompanhamento específicos para entender quais são as condições e abordagens possíveis. Procedimentos como a fertilização in vitro e o parto através da Cesária podem ser indicados. Ah! Sobre o leite materno, os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para HIV recomendem que as mamães não amamentem, mesmo que a carga viral delas esteja baixa ou seja considerada indetectável.
6. “A camisinha é a única forma de prevenção”
Mito. Nos últimos anos, surgiram outras possibilidades, como o Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que são medicamentos usados para o tratamento de pessoas com HIV, e que também também podem ser úteis para prevenir a infecção. Mas vale reforçar que o preservativo é indispensável e segue sendo um dos grandes aliados nessa luta. Além de prevenir ISTs, ele evita uma gravidez indesejável.
7. “Se eu não tenho sintomas, não tenho HIV”
Olha, também não é bem assim. O vírus pode demorar mais de dez anos para manifestar seus primeiros sintomas. Por isso, é importante realizar o teste do HIV após uma situação de risco. Pessoas que se relacionam com outras que são soropositivo (a relação é perfeitamente possível, viu?) também precisam ter acompanhamento recorrente.
8. “Dá para perceber quando a pessoa tem Aids”
Como já diria aquele ditado popular antigo: “Quem vê cara, não vê coração”… Nem Aids! Aquele estereótipo de que soropositivos que têm a doença são todos supermagros e pálidos é muito anos 80, época em que a doença ainda era pouco conhecida, assim como seu tratamento, e cheia de estigmas. Hoje, a Ciência evoluiu muito! “Outras formas de prevenção foram descobertas. A profilaxia pré e pós-exposição (Prep e Pep) se tornaram maneiras de barrar o vírus. A Prep é um remédio tomado diariamente que bloqueia a entrada do vírus e a Pep é para quem teve contato com o vírus e consegue ‘matá-lo’ em até 72 horas após a exposição tomando o remédio no período de um mês. No Brasil, todos esses tratamentos estão disponíveis gratuitamente no SUS”, explica matéria publicada pela Agência de Notícias da Aids. Hoje, quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maior é a probabilidade da pessoa portadora do vírus da Aids viver de forma mais saudável. De acordo com dados de 2017 da OMS, 21,7 milhões de pessoas soropositivo estavam fazendo tratamento antirretroviral, o que representa em torno de 78% das pessoas que sabem de seu diagnóstico.
9. “Mosquitos transmitem o HIV”
Pelo amor de Deus, não! Apesar do vírus ser transmitido pelo sangue, não existe risco de um mosquito transmitir o HIV porque não existe contato direto entre o sangue da última pessoa que o inseto picou com a próxima. Além disso, o vírus sobrevive por um pequeno período de tempo no organismo dele.