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Desenvolvedora de games, Amora fala sobre preconceito na área

'Eu nem considerava assinar como Amora, porque sabia que o tratamento seria diferente', afirma a desenvolvedora, que trabalha em parceria com o namorado.

Por Isabella Otto 26 ago 2017, 18h22

A definição de jogos indie é muito ampla. Além de serem independentes em vários sentidos, os games precisam carregar a essência de seus criadores do começo ao fim. É por isso que, geralmente, eles são feitos por pequenas empresas e poucas pessoas. Essa é a pegada do MiniBoss, um estúdio independente, localizado em São Paulo, que cuida do desenvolvimento e até mesmo da criação de jogos. Durante a exposição A Era dos Games, a Isa Otto, repórter de comportamento da CAPRICHO e apaixonada por Alex Kidd e GTA, conversou com Amora Bettany e Heidy Motta, representantes femininas que, junto com Pedro Medeiros, formam a atual equipe fixa do MiniBoss.

Reprodução/Reprodução

Apesar de o cenário estar mudando, Amora garante que ele ainda é bastante machista. Contudo, ela fica feliz ao notar que cada vez mais meninas estão se unindo e trabalhando entre si ao invés de tentarem entrar em um grupo fechado formado apenas por homens. De acordo com a desenvolvedora de games, essa é a melhor maneira de mostrar que as minas são tão capazes quanto os caras. “Ainda rola resistência em relação às mulheres na tecnologia. Infelizmente, o videogame ainda se encontra na esfera de coisas ‘de menino’. Todas as minhas amigas que programam e trabalham com jogos têm um atrasado em relação aos meus amigos homens, que são estimulados desde cedo a praticarem”, afirma.

A desenvolvedora de 30 anos teve sorte! Desde pequena, ganhava videogames dos pais. Quando cresceu e decidiu seguir a área do desenvolvimento, o baque foi menor em todos os sentidos. Durante sua carreira, TowerFall (2013) foi um dos jogos mais marcantes com o qual já trabalhou. Além de ter vários meninos vestidos com roupas cor-de-rosa, por exemplo, o game tem praticamente a mesma quantidade de personagens femininos e masculinos, e é considerado um marco na história dos projetos indie.

O foco na área de jogos agora deveria ser exclusivamente as minorias. Os games ficariam muito mais interessantes para todo mundo! Se você diversifica a equipe, traz vivências diferentes”, afirma Amora, que admite já ter sido vítima do próprio machismo. No começo, ao responder os e-mails do MiniBoss, ela assinava com o nome de Pedro. “Eu nem considerava assinar como Amora, porque sabia que o tratamento seria diferente. As pessoas me respeitavam mais por ter um cara junto’, afirma a também jogadora.

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TowerFall, Skytorn e Celeste, respectivamente, são alguns dos jogos já desenvolvidos pelo estúdio MiniBoss. Reprodução/Reprodução

Heidy, que cuida da parte administrativa do estúdio independente, não vê tantas garotas desenvolvedoras. Ela acredita que o trabalho dela, da Amora e de outras mulheres no mercado de games incentiva outras meninas a aparecerem e seguirem seus sonhos. “O pessoal é mais receptivo e mente aberta. Na área em que atuava antes (Relações Internacionais), tinha muito mais gente preconceituosa e fechada”, lamenta.

Uma das coisas que mais incomoda as meninas gamers é o fato de elas estarem sempre sendo colocadas à prova, enquanto os homens não são testados constantemente. Isso é um reflexo da sociedade em que vivemos e do próprio Governo, que, segundo Amora, não incentiva nem dá muita liberdade para a arte em geral. “Os caras deixam os jogos gringos supercaros para tentar ajudar o mercado nacional, mas o que temos aqui ainda não é tão bom. É uma empresa ou outra. Não dá para comparar com o resto do mundo. Mas a cada ano que passa, a qualidade e a quantidade estão melhores”, comemora a desenvolvedora, que gostaria de ser a Jade, sua personagem favorita de Beyond Good and Evil, por um dia: “Ela é uma fotógrafa muito corajosa!”.

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Atualmente, Amora e seus parceiros de equipe (cuja maioria são mulheres, sendo uma trans) estão trabalhando no desenvolvimento do game Celeste, que chega para Nintendo Switch, PS4 e Steam em 2018. Para acompanhar o trabalho do estúdio independente, curta a página oficial do MiniBoss no Facebook.

 

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'Eu nem considerava assinar como Amora, porque sabia que o tratamento seria diferente', afirma a desenvolvedora, que trabalha em parceria com o namorado.

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