O planeta está sentindo agora os resultados de anos e anos de descarte irresponsável de plástico na natureza. Você já deve ter escutado que os oceanos estão virando verdadeiras ilhas de plástico, certo? Estima-se que 79% do plástico produzido no mundo desde os anos 50 tenha sido jogado em lixões, aterros ou no meio ambiente. A reciclagem ainda não é uma opção viável para muitas pessoas, seja por falta de informação, seja por falta de incentivo do governo.
Um estudo realizado pela companhia britânica Foresight Future of the Sea Report mostra que, anualmente, 8 milhões de toneladas de plástico são jogadas nos oceanos. Até 2025, esse número tende a triplicar. É aquela sacolinha que você larga na areia e é levada até o mar pelo vento, aquela garrafinha que você joga no rio, aquele canudinho que você descarta no mar porque “ele é tão pequenininho que não vai fazer diferença”. Mas faz. E como faz!
A substituição de canudos plásticos por canudos biodegradáveis, de papel ou de metal está em pauta há algum tempo. Na teoria, parece tudo simples e perfeito. Na prática, as empresas são resistentes e insistem em dizer que não é lucrativo fazer a substituição – mesmo que em outros países canudos de papel já sejam uma realidade. Em Londres, por exemplo, todas as lojas da Starbucks oferecem canudinhos de papel. Nas unidades de São Paulo, só temos os de plástico.
Os canudinhos, além de poluírem o meio ambiente, interferem no bem estar de animais. Você se lembra do caso da tartaruga marinha que estava com um canudo entalado no nariz? Ou dos peixes que são encontrados mortos com grandes quantidades de plástico no estômago? Muitos se esquecem, contudo, de outra haste de plástico que também faz um estrago danado: as do cotonete!
Exatamente por isso, o vereador Toninho Vespoli, do PSOL, acaba de liberar a proposta que visa acabar com os cotonetes de plástico em São Paulo. A ideia é que a haste seja substituída por materiais biodegradáveis. “A poluição dos oceanos tem sido vista como um grande problema em escala global, pois tem causando danos diretos à fauna marinha(…) A situação, como se vê, é grave e, tendo-se em conta que os danos à saúde humana causados pelas altas quantidades de plásticos ainda não são plenamente conhecidos, há que se ter muita atenção a este tema”, defende o político.
O projeto foi enviado à Comissão de Constituição e à Justiça da Câmara Municipal de São Paulo. Se aprovado, ele segue para votação na Câmera. Em outubro, a CAPRICHO conversou com Maria Pennachin, de 16 anos, que criou na escola um canudo biodegradável feito com inhame, um material barato e fácil de ser usado.
Talvez a questão financeira realmente seja um empecilho, mas será que também não falta aquele pinguinho de boa vontade? Quem lucra com a sustentabilidade, afinal?