No dia 14 deste mês, a repórter Bruna Dealtry foi beijada à força por um torcedor enquanto trabalhava em uma transmissão ao vivo para o canal Esporte Interativo. Constrangida, ela declarou que aquilo “não foi legal” e continuou o trabalho, mas desabafou sobre o ocorrido nas redes sociais mais tarde.
Poucos dias antes, a repórter Renata Medeiros tinha sido ofendida por um torcedor enquanto cobria uma partida entre o Grêmio e o Internacional para a Rádio Gaúcha. Quando ela pediu para que ele repetisse a fala em frente a câmera, o homem a agrediu fisicamente.
No último dia 25, um torcedor foi expulso do estádio depois de ofender a repórter Kelly Costa, que trabalhava na transmissão da semifinal do Campeonato Gaúcho para a RBS TV.
Casos como esses acontecem diariamente com mulheres que escolhem o jornalismo, seja ele o esportivo ou não. Por isso, cerca de 50 profissionais femininas do Brasil inteiro se uniram na campanha #DeixaElaTrabalhar, que luta contra o desrespeito na profissão, seja a mulher jornalista, atleta ou bandeirinha. Além dos casos de assédio nos estádios de futebol, muitas vezes gravados ao vivo, a marca também chama atenção aos comentários violentos nas redes sociais das apresentadoras, repórteres, produtoras e assessoras.
Para o El País, Bibiana Bolson, jornalista da ESPN, explica que o objetivo da campanha é mostrar as agressões sofridas não somente nos estádios. “É feita por jornalistas esportivas, mas queremos dar vozes para mulheres de todas as esferas“, diz. Ela conta que tudo começou com a ideia de dar uma resposta aos casos recentes da Bruna e da Renata, que também faz parte da história de todas as jornalistas que sofreram este tipo de violência, seja no estádio, nas redações ou na internet. No vídeo do manifesto, elas pedem respeito não somente para as jornalistas, mas também para as árbitras e bandeirinhas.
Artistas, estádios e clubes de futebol se manifestaram nas redes sociais em apoio ao movimento. Na semana do Dia Internacional da Mulher, alguns times também fizeram homenagens em campo e na internet para promover o respeito.
Essa não é a primeira vez que mulheres se unem contra o machismo no jornalismo. Em 2016, a campanha “Jornalistas contra o assédio” foi criada depois que uma repórter foi assediada pelo cantor Biel durante uma entrevista. Na época, muitos relatos de violência na profissão vieram à tona e a campanha se transformou em um coletivo que denuncia os casos.
Uma por todas e todas por uma! Que golaço, mulheres! Seguimos juntas me mais essa luta.