Já faz alguns dias que a Copa do Mundo Feminina acabou, mas o futebol feminino não pode cair no esquecimento de quem acompanhou o torneio – que bateu recorde de audiência aqui no Brasil. Toda essa visibilidade que a modalidade ganhou, aliás, é fundamental para o futuro da categoria feminina. Foi sobre isso que a CAPRICHO conversou com a Cristiane Rozeira, uma das jogadoras mais experientes e talentosas da Seleção Brasileira, durante a participação dela na final do RedBull Neymar Jr’s Five, realizada na Praia Grande, litoral de São Paulo, nos dias 12 e 13 de julho.
Após o jogo contra a França, que eliminou o Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo, Marta fez um discurso sobre a necessidade de valorizar o futebol feminino no Brasil, relembrando que o país não teria Marta, Cristiane e Formiga para sempre. As palavras usadas pela artilheira foram reprovadas por muita gente, mas a própria Cristiane concorda com a fala da atacante. “Eu acho que se você não der continuidade, infelizmente como esse ano a Sub-20 e a Sub-17 na Seleção estavam paradas, isso é um problema. Quando a Marta cita o nosso nome é por que nós somos as mais velhas dentro da Seleção, nós estamos há muito tempo, até mais tempo que as meninas atuais, então acho que é nesse exemplo que ela quis expor”, comenta, em entrevista à CH.
Segundo a jogadora, que participou recentemente de uma peneira entre meninas de 14 a 17 anos, olhar para o futuro do futebol feminino é dar atenção para as categorias de base da modalidade, que ainda são muito mais deixadas de lado do que os times profissionais (que já recebem bem menos atenção que os masculinos). “Eles precisam fazer com que a base ande pra poder dar oportunidade pra essas meninas subirem pra uma Seleção adulta, senão você não tem muito o que fazer”, Cristiane diz.
Cristiane também falou sobre o desempenho do Brasil na Copa do Mundo Feminina de 2019. Ela, que estava machucada, não jogava pela Seleção Brasileira desde o começo do ano passado e não estava nas nove derrotas que antecederam o mundial. “Quase não fui por conta de uma lesão um pouco séria que eu tive, então corri atrás do prejuízo para me recuperar, para estar bem fisicamente“, explica. O esforço valeu à pena e a jogadora foi responsável por fazer os três gols da vitória do Brasil contra a Jamaica já no primeiro jogo da equipe.
“A gente conseguiu até melhorar e corrigir alguns erros que vínhamos cometendo nos nove jogos anteriores, mas a gente sabe que dava mais. A gente sente dentro da gente que dava pra ter ido até um pouco mais“, admite. De acordo com Cristiane, a chave de grupos faz muita diferença quando uma equipe se classifica e, por isso, as jogadoras da Seleção Brasileira sentem que dava para ter feito os resultados necessários para se classificar em primeiro ou segundo – que faria o time enfrentar uma equipe que não era favorita.
Depois da eliminação, Cristiane foi convidada pela Rede Globo para comentar a final da Copa do Mundo, que foi transmitida pela primeira vez na emissora. Para ela, essa representatividade feminina na mídia esportiva, seja como repórter, narradora ou comentarista, precisa acompanhar o mesmo crescimento que o futebol feminino vem tendo. “É importante porque são áreas que a gente quer trabalhar e muitas vezes existe um preconceito, não tem um espaço cedido“, opina.
Além disso, ela também destaca que o espaço dentro da imprensa esportiva dá oportunidade para meninas que não sabem jogar bola, mas que querem estar no mundo do esporte. “Acho que é muito importante você ir dando mais espaço porque nós somos capazes, o que está faltando realmente é oportunidade“, diz.
Torcemos por um futuro em que o futebol feminino seja mais valorizado e que muitas Cristianes sejam descobertas por aí! <3