No último dia 5, as hashtags #justiçaporbianca e #justiçaporbia ficaram entre os assuntos mais comentados do Twitter. Elas diziam respeito a um crime ocorrido na Comunidade Kelson’s, na Penha, no Rio de Janeiro. Depois de postar fotos de biquíni nas redes sociais, Bianca Lourenço, de 24 anos, desapareceu. Apesar de a polícia não ter concluído o caso – que segue sendo investigado -, já se falava sobre um possível assassinato, cometido pelo ex-namorado da jovem, Dalton Vieira Santana, suspeito de chefiar o tráfico de drogas na região.
Na noite da última terça-feira, 12, a Polícia Civil informou que o corpo da jovem havia sido encontrado boiando na praia da Ilha do Fundão, nas proximidades da Kelson’s. Apesar de estar em estado de decomposição e mutilado, sem os membros superiores e inferiores, e sem a cabeça, foi possível fazer a identificação pelas tatuagens. A vítima tinha o desenho de um filtro dos sonhos na coxa direita.
MAIS UM CRIME DE FEMINICÍDIO
De acordo com a polícia, Bianca Lourenço foi retirada à força de um churrasco no domingo, dia 3, em que estava com os amigos, que prestaram depoimento. O principal suspeito do crime, Dalton Vieira, teria forçado a saída da jovem, seguido de volta para a comunidade e dado sequência ao crime, mas as informações ainda estão bastante desencontradas. Não se sabe como ele cometeu o crime, se fez tudo sozinho ou se teve cúmplices, e quando exatamente tudo ocorreu.
O pai da vítima, que preferiu não ser identificado, afirma que não tem dúvida de que a filha foi morta pelo ex-namorado. “Ele falou que matou ela para todos. Não falou para mim, mas falou pros outros. Falou que tinha colocado ela num carro, e que tinha mandado ela embora. Mentira. Que ela já tinha que estar aqui em casa há muito tempo, se isso fosse verdade”, disse em entrevista ao RJ2.
Ainda para o jornal e também para a polícia, em depoimento oficial, o pai contou que já estava preocupado com a segurança da filha havia uns três meses, e que estava ajeitando as últimas coisas para tirá-la da comunidade. O homem também procurou Dalton quando soube do desaparecimento de Bianca e pediu para que o rapaz o ajudasse. “Pedi que, se ele pudesse devolver o corpo da minha filha, que poderia me entregar do jeito que tivesse, que ele poderia me tirar pelo menos a dor de pai, pelo menos de eu poder enterrar minha filha”.
O COMPARTILHAMENTO DA IMAGEM DO CORPO
Na noite da última terça, quando a polícia relatou que havia encontrado o corpo de Bianca Lourenço, internautas começaram a compartilhar a imagem e muita gente, sem que quisesse, acabou se deparando com a foto do tronco mutilado.
Além de ser algo irresponsável com os outros usuários, que podem ser sensíveis a imagens do tipo, que podem acabar despertando gatilhos, o compartilhamento representa um desrespeito ao luto dos familiares e amigos da vítima.
É interessante também saber que, no Código Penal Brasileiro, existe um artigo, o 212, que diz que o vilipêndio (ato de tornar algo ou alguém indigno, desvalorizar, menosprezar) de cadáver é um crime de desrespeito aos mortos e que a pena para quem o comete pode variar de um a três anos de detenção, além de multa.
Apesar de ser bastante difícil que essas pessoas que compartilham as imagens nas redes e por WhatsApp sejam enquadrados pelo crime, porque nem sempre a Justiça entende que eles fizeram isso na intenção de menosprezar ou ridicularizar o corpo, fica aqui o alerta para que você não compactue com isso, mesmo que seja para demonstrar incredulidade com o ocorrido ou saciar a curiosidade alheia.
No mais, não culpabilize a vítima pelos seus antigos relacionamentos e/ou pelo crime.