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Coronavírus: a programação de retomada das aulas presenciais pelo Brasil

Saiba como anda o planejamento para o retorno das aulas presenciais em alguns estados do país

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 23 ago 2020, 11h48 - Publicado em 19 ago 2020, 17h24

Pouco mais de um mês após o início do ano letivo de 2020, alunos de todas as escolas e instituições do país tiveram que voltar para casa – e as aulas precisaram ser adaptadas, por causa do coronavírus. Desde então, a questão mais comentada sobre educação é: quando será possível retornar com segurança as aulas presenciais? Entre a discussão de propostas de retomada, alunos, pais e profissionais da saúde mostram uma certa insegurança em relação ao assunto.

Justin Paget/Getty Images

Distanciamento, medidas de higiene, rodízio de alunos… Tudo isso que já está sendo planejado deverá ser colocado em prática com muito cuidado, para que os estudantes possam voltar para as salas de aula sem colocarem suas vidas (e as de seus familiares) em risco. Saiba mais como alguns estados do país estão organizando a retomada das aulas:

São Paulo

Na primeira semana de agosto, o Governo do Estado de São Paulo adiou o retorno das aulas da rede pública e privada para 7 de outubro. Para que o retomada aconteça, 80% do estado precisará estar na fase amarela por 14 dias, e depois, 100%. Mas não serão todos os alunos que voltarão – inicialmente, o sistema será híbrido.  Sobre as medidas de segurança, foi organizada uma proposta de rodízio dividida em três fases. Na primeira, apenas 35% dos alunos frequentarão as aulas a cada dia. Na segunda, até 70% assistirão às aulas presenciais, enquanto na terceira, todos voltarão para as salas.

Os alunos precisarão manter 1,5m de distância de outros estudantes e funcionários, as escolas devem estabelecer horários de entrada e saída estratégicos para que as pessoas evitem pegar transportes em horário de pico e os intervalos devem ser divididos e realizados em horários diferentes para evitar aglomerações. Em relação às medidas de higiene, o uso de máscaras será obrigatório, os ambientes devem ser ventilados e o bebedouro proibido.

Apesar do regresso estar marcado para outubro, a partir de 8 de setembro, cidades que estiverem há 28 dias na fase amarela poderão ter atividades presenciais opcionais mediante escuta de pais e alunos. As medidas de distanciamento e higiene devem ser seguidas e a capacidade de alunos também será reduzida.

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Porém, após a divulgação de uma pesquisa que constatou que mais de 64% das crianças infectadas por Covid-19 na cidade de São Paulo são assintomáticas, o prefeito Bruno Covas vetou a abertura das escolas em setembro para as atividades opcionais. “A retomada às aulas, nesse momento, para a Prefeitura de São Paulo, significaria a ampliação do número de casos, ampliação em consequência do número de internações e do número de óbitos aqui na cidade de São Paulo”, disse.

Rio de Janeiro

Na quarta-feira (19), o governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou que o retorno das escolas particulares deve acontecer em 14 de setembro e o das instituições públicas em 5 de outubro. A decisão publicada no Diário Oficial também valerá para as Universidades estaduais.

Apesar de detalhes sobre como funcionará o retorno não terem sido divulgados, o secretário Pedro Fernandes disse que, inicialmente, o mais provável é que voltem alunos a partir do 9º ano do ensino fundamental e o 3º ano do ensino médio.

O decreto, que estabelece as medidas necessárias para a retomada, abrange sete das nove regiões do estado que apresentam baixa transmissão. Para o G1, a coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ), Izabel Costa, disse que o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio cederam à pressão dos empresários e “não ouvem a comunidade escolar e muito menos os sindicatos”.

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Ontem, o Estado registrou mais de 200 mil casos de Covid-19 e está próximo de atingir 15 mil mortes.

Distrito Federal

Em 2 de julho, o Governo do Distrito Federal permitiu a retomada das aulas nas escolas particulares a partir de 27 de julho, entretanto, a reabertura foi impedida através de decisões judiciais. No dia 12, o desembargador Pedro Luís Vicentin manteve a suspensão até o dia 20, rejeitando um recurso do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino.

A reabertura da rede pública estava estabelecida para começar no fim deste mês. Entretanto, nesta quarta-feira, o Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, determinou a suspensão do retorno das instituições de ensino público por prazo indeterminado. A medida foi tomada em um momento que o número de casos no estado cresce, somando mais de 140.000 mil infectados.

Em relação à rede privada de ensino, está marcada para  quinta-feira (20) uma audiência com o intuito de discutir o retorno das aulas nas escolas particulares.

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Amazonas

No dia 10, mais de 110 mil alunos voltaram a ter aulas presenciais em Manaus. O Amazonas é o primeiro estado a retomar as atividades presenciais”, afirmou o titular da Secretária da Educação e Desporto, Luís Fabian Barbosa. O retorno, que faz parte do quarto ciclo de reabertura, está acontecendo após um mês das escolas particulares abrirem suas portas.

Os alunos estão sendo divididos em grupos para o rodízio, já que as salas comportarão apenas 50% da capacidade de estudantes. Também serão disponibilizadas mais de 1 milhão de máscaras. A programação nesse momento será híbrida, assim, no dia em que o bloco do aluno não estiver assistindo às aulas presenciais, ele estará acompanhando tudo de casa. Desde o final de junho, o Amazonas vem registrando uma queda no número de casos. Em abril, o estado foi um dos mais afetados pela pandemia do coronavírus no país e cenas trágicas, como pessoas desesperadas por um respirador ou enterros coletivos de mortos pela COVID-19, assolaram a região.

Após o retorno das aulas, 50 professores testaram positivo para Covid-19 em Manaus, e Associação Sindical dos Professores de Manaus (Asprom) organizou uma manifestação, na terça-feira (18), contrária às aulas presenciais.

Pernambuco

Na segunda-feira (17), as aulas presenciais para os cursos de idiomas, técnicos e profissionalizantes foram retomadas funcionando com 25% da sua capacidade e permitindo apenas a entrada de alunos com mais de 18 anos. Já o retorno das aulas presenciais para as escolas ainda está sem data definida. “Quem toma essa decisão não é a Secretaria Estadual de Educação e Esportes. É o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 no estado, que avalia diariamente os dados”, disse o Secretário estadual da Educação e dos Esportes, Fred Amancio, durante uma reunião virtual da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

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Para melhorar o EAD, o estado criou um aplicativo em que as aulas serão transmitidas e está disponibilizando, desde o dia 12,  internet gratuita para 500.000 alunos. Além dos estudantes, mais de 30 mil professores conseguiram o acesso à internet.

Rio Grande do Sul

No estado do Rio Grande do Sul, o Governo propôs um retorno gradual a partir de 31 de agosto, começando pelas turmas da educação infantil. Segundo o cronograma discutido em uma reunião da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul, na terça-feira (11), foi debatida a proposta do ensino superior retornar em 14/9, o ensino médio e técnico uma semana depois, no dia 21, e o ensino fundamental em 8/10. “É evidente que não colocaremos nossas crianças e nossa equipe de educação em risco sem termos segurança dessa redução de contágio”, disse o governador Eduardo Leite.

“É uma irresponsabilidade apresentar um calendário que começa pela educação infantil no momento em que a pandemia está em uma crescente no estado, com muitas mortes. É um calendário da morte.” disse Helenir Schürer, presidente da CPERS, sindicato que representa mais de 80 mil professores. Uma pesquisa realizada pelo CPERS indicou que mais de 90% das escolas não têm os recursos necessários para retornar de maneira segura.

Nesta terça-feira (19), professores estaduais, pais e alunos que estão receosos com o plano de retorno manifestaram com distanciamento na frente do Palácio Piratini, em Porto Alegre, contra o retorno das aulas presenciais.

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Vale lembrar que, apesar de sabermos que o ensino em sala de aula é diferente do EAD, que é importante ver os colegas e até mais fácil para tirar dúvidas, é necessário que esse retorno seja feito de maneira responsável, com planejamento e muito estudo. É preciso garantir que os alunos poderão ir em segurança para as escolas.

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