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Conselhos para jovens gostosas e choronas, com Lela Brandão

CAPRICHO bateu um papo com a Lela Brandão, host do podcast 'Gostosas também choram', sobre as vivências de toda jovem adulta

Por Juliana Morales Atualizado em 24 mar 2024, 09h55 - Publicado em 23 mar 2024, 10h00
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egue sua xícara de café, amiga. É hora de bater um papo com a produtora de conteúdo e empresária Lela Brandão. Essa é a ideia desta matéria e que também está por trás do sucesso do podcast ‘Gostosas também choram’. Sem roteiro predefinido, toda terça-feira, Lela, de 30 anos, divide com suas ouvintes suas reflexões sobre alguma questão importante que perpassa a vida de uma jovem adulta.

Sua mania de pensar muito – o que é positivo muitas vezes e em outras, nem tanto – faz com que Lela questione “absolutamente todas as experiências e coisas que acontecem em seu caminho”. E isso é o que dá insumo para mais episódios do podcast (e para suas sessões de terapia também, claro). “A partir dos questionamentos, percebemos que muitas das escolhas que a gente faz não são nossas. Às vezes, eu só fiz uma coisa porque quando eu era pequena me disseram que isso era o certo a se fazer”, reflete durante entrevista à CAPRICHO.

Esse exercício de entender as escolhas vale para todas as áreas da vida, defende Lela. Desde relacionamento, família, autoconhecimento, esporte, até relação com os pais. E vale para mulheres de todas as idades. “É desencaixar e encaixar de novo, até encontrar o seu próprio caminho”, diz.

Ela conta que só entendeu o feminismo aos 20 e poucos anos e ficou obcecada com a ideia. Na época, criou um projeto de arte de rua para espalhar frases feministas por São Paulo. Para quem não sabe, Lela também é artista plástica, ilustradora e formada em arquitetura. Se unir a outras mulheres lhe mostrou toda a potência feminina, mas o empoderamento veio acompanhado da consciência da realidade machista e hostil que as mulheres enfrentam.

“Quando eu conheci o feminismo, era muito inconsequente porque via todas injustiças e ficava com muita raiva, cheia de vontade de revidar”, relembra. Com o tempo, sua forma de agir e enfrentar essa luta foi se moldando. A ajuda de outras mulheres também foi essencial nesse sentido, como uma professora da faculdade que sempre esteve ali para dar conselhos, recomendar livros e guiar em decisões importantes. 

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Sempre que eu aprendo alguma coisa busco transformá-la em outra para que esse conhecimento continue circulando. 

Lela Brandão

Agora, ela se orgulha de ser essa voz para outras garotas e mulheres também. “Se eu tivesse escutado as coisas que eu falo hoje quanto tinha 15 anos, teria aprendido muito mais pelo amor do que pela dor e me poupado de algumas experiências muito ruins como mulher”, analisa.

Gostosa, confortável e chorona

Uma das grandes questões que Lela teve que repensar, questionar e se desconstruir foi em relação ao seu corpo. Na sua adolescência, existia pouca conversa sobre a aceitação de diferentes corpos e muitas dietas malucas para se manter o mais magra possível. Por volta dos 13 anos, ela desenvolveu distúrbios alimentares sérios, como anorexia, bulimia e dismorfia corporal.

Justamente, por sua mania de ficar se questionando desde criança, percebeu que uma coisa que a impulsionava, tanto físico como psicologicamente, para competir com seu corpo eram as suas roupas. “Quase todas mulheres já tiveram uma calça que elas ‘precisavam servir nela até o fim do mês’. E se não fechasse era sinal de que você é um lixo e que fracassou”, diz.

“E isso é um ciclo sem fim, porque sempre te uma roupa menor para você lutar para caber e seu biotipo continua o mesmo”, completa dizendo que foi um processo entender que mesmo que emagrecesse seu quadril, sua bunda e coxas grossas continuariam se destacando. Afinal, esse é o seu biotipo, seu corpo.

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Foi dessa inquietação que nasceu a Lela Brandão Co, sua marca de roupa chique e confortável. “Depois de muita terapia, comecei a montar um armário só com roupas, confortáveis e com elasticidade, que eu não percebesse se eu emagrecesse ou engordasse um pouco”, conta. Por que não expandir isso para outras mulheres, produzindo peças com consciência e arte em todos os processos? E assim formou um grupo de “gostosas confortáveis”.

“Durante muitos anos, colocamos a palavra ‘gostosa’ como algo externo, quando homens nos chamavam de gostosa. Isso era tomado como um elogio e uma validação e em outros casos, como uma forma de assédio e objetificação da mulher. Quando a gente fala de energia de gostosa confortável mostramos que esse poder está dentro da gente e transcende muito mais do que o físico”, afirma.

É sobre decidir que eu sou gostosa. Passei boa parte da minha vida me odiando e passando por momentos difíceis. Hoje, aos 30 anos, eu mereço me sentir linda e atraente.

Precisando de uma palavra amiga?

Como em uma boa conversa entre amigas, não poderiam faltar bons conselhos, né? A Lela compartilhou com as leitoras da CAPRICHO algumas lições que aprendeu ao longo da sua trajetória sobre diferentes aspectos da vida e que podem te ajudar também. Confira!

“Nunca coloque um relacionamento no centro da sua vida”

Quando você coloca sua felicidade, autoestima e realização no seu relacionamento, você está dando todo o seu bem-estar na mão de uma outra pessoa e perdendo o controle. Mesmo que a outra pessoa te prometa que vai te amar para todo sempre, não vai te chatear e que você pode contar com ela até o fim, não dá para garantir nada. Por isso, relacionamento são para agregar e não para centralizar sua vida.

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“Não acredite que a felicidade é um lugar que você vai chegar”

A vida é feita de altos e baixos e a felicidade existe da mesma forma que a tristeza também precisa existir. É sobre você saber navegar e entender que nada é permanente – nem quando você está no topo nem quando está no no fundo do poço, implorando por uma escada. Nada é permanente.

“Um das habilidades mais importantes para sua carreira é a comunicação”

Você pode ser o maior estudioso da sua área, mas se você não souber comunicar, todo esse conhecimento ficará restrito a você ou só vai chegar a quem fala a sua língua (acadêmica ou profissional). Por isso, ter a habilidade de se comunicar e se conectar com outras pessoas fará seu trabalho transcender e fazer a diferença.

“Encontre alguma forma de comunicar o que você está sentindo”

Mesmo que você não tenha a possibilidade de fazer terapia, busque maneiras de organizar seus pensamentos e emoções. A escrita, por exemplo, é uma ótima ferramenta para isso. Ela ajuda a colocar para fora e clarear as ideias – principalmente, durante a adolescência, uma fase tão desafiadora da vida.

“Comparar-se é a pior cilada para a sua criatividade”

Sim, é irresistível se comparar com outras pessoas. Mas ao fazer isso você esquece o que tem de mais valioso: ser você mesmo. Existem experiências que só você passou, então existe algo que só você pode criar. Lembre-se: autenticidade é a coisa mais preciosa que se pode ter, não se compare. E para quem quiser se aprofundar no tema, Lela indica o livro ‘O ato criativo: Uma forma de ser’ , do Rick Rubin. 

É isso. Estamos juntas. Todas gostosas, confortáveis e choronas!

 

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