Crescer é um amalgamado de sentimentos. Essa bagunça enche a barriga das borboletas mais ligeiras, que provocam desde a ansiedade gostosa de novas experiências até aquele calafrio no corpo por conta da incerteza da vida. Já se sentiu assim também?
Oiê, eu sou o Enrique, da Galera CH. Recentemente, fiz uma viagem de formatura com meus amigos para Bariloche, na Argentina, e esse momento pessoal provocou uma sequência de reflexões sobre fim de ciclo e amadurecimento. Me fez deparar com o constante pavor da incerteza e dos pensamentos que me questionam: “como será daqui para frente?”.
É uma experiência inimaginável estar num lugar totalmente desconhecido, experimentando, de certo modo, a juventude em seu mais puro êxtase.
Encarar o fim do ensino médio e da rotina que por tanto tempo eu estive preso é como um respiro de alívio, de fato, mas também é uma zona cinzenta, assim que percebo que os caminhos que construí com tanta gente, agora, vão mudar. As batidas do coração vacilam na ideia de que eu não sei quais amigos vão embora e quais ficarão. É por isso que essa viagem foi, para mim, um grande ato para a inevitável mudança de rumos.
Existe beleza em cada detalhe
Foram oito dias malucos em Bariloche: de manhã, indo para passeios e conhecendo a cidade, e à noite, me aventurando nas festas e vestindo as melhores roupas que havia colocado na mala. Ali pude ver a neve pela primeira vez, aprender a esquiar, falar catalão e também sofrer horrores tentando me comunicar por lá.
As melhores memórias foram os momentos nos quais estava com meu grupo, rindo, bebendo, chorando e tentando tirar proveito de cada segundo dessa semana. Aproveitei para conhecer cada um deles melhor e também me aprofundar mais em quem eu sou e nas possibilidades de quem eu poderia ser.
E, assim, o espelho que me refletia desembaçou, me ajudando a me enxergar melhor. “Caramba, eu não sou a mesma pessoa de um segundo atrás”, pensei.
Alegria e tristeza coexistem
Um dos momentos mais singelos foi um em que nos sentamos todos juntos para observar o anoitecer no Mirador Lago Nahuel Huapi. Foi bonito vislumbrar a paisagem com as pessoas que estavam junto comigo nessa aventura. Entretanto, o mais doloroso foi entender que aquilo também representava o fim de uma jornada. E, depois de ter passado por todos os furacões, veio o gosto amargo na boca e a vontade de nunca crescer.
É apavorante, porém há o conforto de lembrar que estou crescendo e não fiquei parado no tempo. Torna-se até piada escrever isso e notar que tudo tem seu contraponto, essa é a magia.
Agora é hora de encarar a fase que aterroriza qualquer jovem brasileiro contemporâneo: as provas de vestibular. Todos agem como se seu futuro fosse ser preenchido de glória ou fracasso por causa de uma nota. O mundo é realmente uma piada.
A passagem da adolescência é realmente um caos – um caos que, por vezes, é tão feio e em outras, torna-se muito bonito. Ninguém vai ter as mesmas experiências, mas experimentar é uma das melhores coisas que se pode fazer. Então, se puder, saia com seus amigos, crie memórias, laços, faça problemas e encontre as soluções. A vida é aterrorizante em alguns aspectos, e a ansiedade pode se tornar maior que nossos corpos, mas vale a pena tentar se conhecer e, de quebra, entender o mundo ao seu redor.
O fim da escola, não passar na universidade que você deseja, desprender-se dos seus colegas ou quaisquer das loucuras que sua cabeça cria para temer o futuro não representam o seu fim. Portanto, esse amalgamado de sentimentos é algo lindo de sentir. Estamos sempre mudando, amadurecendo, passando por novos ciclos. Nunca estamos no mesmo lugar. Essa é a beleza do processo de crescer.