Comportamento

Como saber se o repelente é eficaz contra a dengue?

Com tantas opções no mercado e os casos de dengue crescendo, é preciso entender os ativos que podem te proteger efetivamente do mosquito

Por Mavi Faria 28 mar 2024, 14h40

Já no início deste ano, foi declarado em diversos estados do país situação de emergência em saúde pública em decorrência da dengue. Mesmo com a vacina distribuída em alguns municípios, o alto número de casos, de enfermos e óbitos pela doença comprovou a gravidade da situação e a necessidade de cada indivíduo cuidar de sua casa e prestar atenção para possíveis focos do mosquito Aedes aegypti.

Com o alerta vermelho para a dengue, um dos principais cuidados a serem feitos diariamente é a utilização do repelente, que afasta o mosquito, impossibilita que ele pique e transmita a doença pelo sangue. Contudo, a variedade de opções no mercado não necessariamente significa produtos de qualidade e que realmente podem te proteger. Isso porque, para a proteção ser efetiva, é preciso que alguns ativos importantes estejam em quantidades exatas para cumprir o prometido. É isso que vamos te explicar neste texto!

Como saber se um repelente é eficaz?

Para o infectologista e gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan, Érique José Farias Peixoto de Miranda, o mais importante é se atentar na concentração de ativos presente no repelente, seja de Icaridina, seja de DEET (N,N-Dietil-m-toluamida), para garantir a proteção por mais tempo. Em repelentes com Icaridina, é indicado que a concentração do ativo seja de mais de 20%, e em repelentes com DEET, que seja de 30% a 50%.

Além destes dois ativos, Érique relembra outros indicados pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos da América: OLE-Óleo de Eucalipto Citriodora fabricado para repelente, IR3535 e a Picaridina, uma variação da Icaridina. No Brasil, a ANVISA possui o registro dessas mesmas substâncias repelentes, com o acréscimo do extrato vegetal ou óleo de Cymbopogon, a Citronela.

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Ainda segundo o infectologista, embora esses ativos na dosagem certa promovam o mesmo tipo de proteção, estudos recentes têm comprovado que o DEET é mais eficiente na proteção contra o Aedes aegypti. Ou seja, se tiver a opção de escolher entre os ativos, o DEET pode ser uma alternativa mais segura se estiver com concentração entre 30% e 50%.

De quanto em quanto tempo preciso reaplicar o repelente?

Depende de alguns fatores como a concentração do ativo no produto e o tempo indicado de proteção na embalagem. Produtos à base de DEET, por exemplo, devem ser reaplicados no máximo 3 vezes por dia, enquanto os à base de Icaridina apresentam proteção de 8 a 10 horas. Já os à base do princípio ativo IR 3535, em concentração de 30%, protegem por até 4 horas.

“Não importa a formulação, desde que a aplicação seja feita adequadamente nas áreas expostas e, sobretudo, com a frequência correta informada na bula ou nas instruções do produto”, explica Érique. Ele afirma, ainda, que é preciso mais atenção quanto aos modelos em spray, os quais, indicados a serem utilizados em áreas externas para evitar reações alérgicas, requerem mais cuidado para que toda a pele seja protegida.

É verdade que o mosquito da dengue só pica durante a manhã e final da tarde?

O gestor médico explica que embora as fêmeas do mosquito prefiram se alimentar nesses períodos, é possível que ela pique em outros horários, incluindo o período da noite. Além disso, embora seja conhecido que ela voe em alturas mais baixas, de não mais do que 12 metros de altura, é possível que ela alcance lugares mais altos por meio de caixas, embalagens ou até elevadores. Por isso, nenhum cuidado é pouco em qualquer hora do dia ou situação.

O verão é a estação mais propícia para a dengue?

Sim. A temperatura mais alta e as chuvas são a situação perfeita para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, explica Érique. Primeiro, porque acontece muito o acúmulo de água parada das chuvas, onde o mosquito se multiplica. E também a temperatura confortável para a busca do sangue, pelas fêmeas, para a maturação dos ovos. “Nas estações frias, a larva do mosquito entra em hibernação, à espera das estações quentes e chuvosas, durante as quais as larvas eclodem novamente para manter o ciclo de transmissão da dengue”, pontua.

Repelentes disponíveis no mercado

Após entendermos o que é preciso para um repelente ser eficaz, selecionamos os principais produtos disponíveis no mercado para entendermos o quanto eles protegem. Confira!

1. Xô Inseto Spray Repelente de Insetos 200 mL – Amazon – R$ 31,00*

2. Xô-Inseto! Loção Repelente De Insetos 200 Ml – Amazon – R$ 28,98*

Os dois modelos do repelente Xô-Inseto, tanto em spray, quanto em creme, apresentam concentração de 15% de DEET, metade do mínimo recomendado para garantir proteção por mais tempo. Nesses casos, o ideal é a reaplicação em menos tempo do que o indicado e conferir na bula e embalagem sobre o recomendado pelo produto.

3. OFF! Repelente Toque Leve com Glicerina e Icaridina Loção 200g – Amazon – R$ 49,90*

4. Xô Inseto Spray A Base de Icaridina 25% – Amazon – Indisponível no momento

O OFF! com Glicerina e Icaridina também apresenta metade do mínimo de Icaridina recomendável, ou seja, de 10%. Já o Xô-Inseto spray foi o único produto que apresentou a concentração de ativo, nesse caso a Icaridina, acima do recomendável. Segundo o infectologista, o ideal é uma concentração mínima de 20%, enquanto este produto apresenta de 25%. Indisponível no momento na Amazon pela alta demanda, indicamos ficar de olho para quando voltar no estoque, porque ele consegue cumprir a proteção por mais tempo.

5. Repelex Repelente Family Care Spray 100ml – Amazon – R$ 28,99*

6. OFF Family, Repelente de Mosquitos e Insetos 200ml – Amazon – R$ 26,52*

O Repelex e o OFF Family possuem o mesmo princípio ativo, o DEET, em quantidades muito similares em ambos produtos, embora os dois estejam bem abaixo do recomendável. O indicado é que a concentração de DEET esteja entre 30% a 50%: nestes produtos, há, respectivamente, 6,79% e 6,65% de DEET. Nesses casos, a reaplicação pode ser uma saída, mas não deixe de ler a bula e se atentar a recomendação da embalagem.