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CCXP19 bateu recorde de artistas transsexuais: “A diversidade é o caminho”

A CAPRICHO conversou com algumas artistas trans que fizeram história na Artists' Alley da CCXP19!

Por Isabella Otto Atualizado em 4 dez 2020, 12h54 - Publicado em 10 dez 2019, 13h42

Dos 542 quadrinistas que fizeram parte da Artists’ Alley da CCXP19, 7 eram transsexuais. Pode parecer pouco, mas, levando em conta que no ano passado esse número era menor e em outros chegou a ser nulo, é de se comemorar. O icônico cartunista Laerte, de 68 anos, que esteve presente no evento, foi um dos que celebrou a conquista nas redes sociais: “recorde de artistas trans na CCXP”, escreveu no Twitter. Mas ele não estava só. Luisa Lemos, de 42, também estava em uma das mesas do beco dos artistas – que não é diagonal, mas bastante mágico. Com uma camiseta de unicórnio, vários buttons presos a ela e uma faixa vermelha prendendo o cabelo, ela contou para a CAPRICHO que faz quadrinhos desde 2009 e que já participa da feira há três anos.

CCXP19 bateu recorde de artistas transsexuais:
CAPRICHO/Reprodução

No momento em que a gente vive, no país em que vivemos, é fundamental que a organização de eventos artísticos abracem essa questão da representatividade, não só da comunidade LGBTQ+, mas de mulheres, de pessoas negras, e dê oportunidades para esses artistas estarem presentes e mostrando que o Brasil é um país diverso e que a diversidade é o caminho para que a gente viva melhor”, opina.

A quadrinista se inspira em si mesma para compôr suas tirinhas, que têm um diferencial: elas são bem humoradas, algo que, segundo Luisa, é difícil quando o assunto em foco são temáticas LGBTQ+. “Elas têm mais humor e leveza, porque a questão trans sempre é levada, não por acaso, com muito peso, muita carga. Quis falar sobre essa questão de uma forma mais lúdica, mais leve, até mesmo educativa. Então, usei o humor pra contar essas histórias”, revela.

Luisa basicamente faz tiras contando coisas que ela viveu ou que pessoas próximas viveram. “A própria personagem [do quadrinho Transistorizada] funciona como um alter ego meu. Costume dizer que ela consegue dar todas as respostas que eu gostaria de ter dado mas não tive a presença de espírito para fazer isso na hora“, explica a criadora, que dividia a bancada com outras artistas trans, como a Ellie Irineu, de 25 anos.

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CCXP19 bateu recorde de artistas transsexuais:
CAPRICHO/Reprodução

Apesar de ser mais nova e menos experiente na CCXP, já que era sua primeira vez na feira de cultura pop, a artista, natural de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, é tímida, porém com visão – que nada tem a ver com seus grandes e redondos óculos à la John Lennon ou Harry Potter. Para Ellie, histórias bem humoradas envolvendo a comunidade LGBTQ+ são necessárias.

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Uma de suas produções favoritas é o livro Histórias Quentinhas Para Sair do Armário, uma coletânea que organizou com outras quatro artistas. “Fizemos esse livro para fugir um pouco dessa coisa de narrativas trágicas com pessoas LGBTQ+, para fazer histórias em que tudo acaba bem. Rola uma fetichização muito grande do trágico, cuja maioria das histórias quase nunca é para educar, é só para os leitores sentirem um certo prazer em cima do público LGBTQ+. Eles vão sentir pena da gente, mas isso não vai mudar nada”, pontua.

Ellie, que trabalha como quadrinista há cerca de 5 anos e foi uma das finalistas do concurso argentino “Poder Trans”, acha impossível criar sem levar em conta experiências pessoais. “Um trabalho que tem uma história positiva mostra pra gente que histórias felizes também são possíveis”, diz a jovem, que também criou um livreto didático e bastante divertido chamado Animais Felizes e Gays, cujo subtitulo é autoexplicativo: “desenhos e fatos sobre a homossexualidade não-humana”.

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