O surto do novo coronavírus no mundo trouxe à tona, além de preocupações com a saúde, o racismo antiamarelos. Após os primeiros casos serem confirmados em Wuhan, na China, declarações xenofóbicas contra asiáticos começaram a se multiplicar.
Pessoas do mundo inteiro estão usando a hashtag #EuNãoSouUmVírus para se manifestar contra o preconceito nas redes sociais. “Todos os asiáticos não são chineses. Nem todos os chineses nasceram na China ou vão pra lá. Um asiático que tosse não está com o coronavírus. Insultar um asiático por causa de um vírus é como insultar um muçulmano por causa de um atentado”, é a mensagem principal que está sendo compartilhada na web.
Na França, onde 4 casos do vírus foram confirmados até então, o diário Le Courrier Picard chegou a fazer uma manchete carregada de xenofobia, trazendo, na chamada, a expressão “Perigo Amarelo”. Diversos relatos de hostilidades sofridas no país foram publicados no Twitter e no Facebook com a hashtag #JeNeSuisPasUnVirus. A cineasta e atriz franco-africana Amandine Gay, que dirigiu o documentário Abrir A Voz, compartilhou um tweet contendo o relato de uma amiga asiática, como é possível ver abaixo.
No relato, a jovem conta que, na França, soube de pessoas asiáticas que foram insultadas dentro do trem ou que ouviram pais dizendo para os filhos tomarem cuidado com o “vírus chinês.” Dentro de um vagão do metrô, no Rio de Janeiro, Marie Okabayashi, descendente de japoneses, foi chamada de “chinesa porca” por uma idosa no último dia 31, conforme relata a estudante de Direito Marie, de 23 anos, que prestou queixa do caso na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
“As pessoas acham qualquer tipo de desculpa para justificar o racismo delas e procuram justificativas para mostrar o ódio em público. Ela falava aquilo e olhava para os lados para ver se conseguia a adesão de alguém”, disse Marie em entrevista para o G1.
Entre os motivos que levaram a jovem a denunciar, foi o saber que a chinesa não era a única pessoa afetada pelo preconceito: “O que aconteceu naquele metrô foi uma questão que diz respeito à coletividade“, esclareceu.
A xenofobia não é algo novo, mas a preocupação com o novo coronavírus traz uma roupagem diferente a um preconceito que já existe há muito tempo. Em momentos de crise, discursos xenofóbicos, racistas, homofóbicos e machistas tendem a ganhar mais espaço. É preciso estar atenta e não compactuar com esses tipos de discurso.
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