Oi, Gy aqui! Eu costumo postar textos no Blog da Galera e como vocês curtiram a última crônica que escrevi, aqui está mais uma. Para quem quiser ler mais, eu posto textos de minha autoria no @poesiade1minuto e agora no @poetagy no Instagram. Leia agora o texto Tem moça que escreve sobre as moças que não podem escrever:
“Tem moça que pega ônibus cinco da manhã para trabalhar no centro da cidade, chegando lá às 8h. Tem moça que chega cansada, cuida dos filhos da mamadeira e explica pra mais nova o motivo do pai não voltar para casa. Pelo menos, uma versão mais light do motivo. Tem moça sendo criada entre tiroteios na favela, e moça ignorando. Tem desigualdade e gente só olhando para o movimento que dá visibilidade pro seu umbigo.
Tem um mundo doente, tem gente passando fome e sendo desmentida pelo presiden… Tem moça que não pode terminar essa frase.
Moça que tem tudo e quer mudar o mundo, moça que tem nada e quer sobreviver, moça que se diz revolucionária por que resistência é sua palavra mais tweetada.
Tem moça sonhando e morrendo sem realizar, tem moça mudando o mundo, mas mudar o mundo de quem tem tudo é reformar a mansão construindo um quartinho. E quem tá no cortiço? E quem já viveu no cortiço? Só quem já viu se importa com quem está vendo? Não sei.
Tem moça sendo estuprada e não ouvindo a palavra feminismo, tem gente seletiva que acredita em todos os ismos e chama as mulheres de malucas quando falamos sobre machismo. Nosso feminismo não tá acessível, não tá certo. Tem criança sendo assediada, se escondendo de tiroteio, e mocinha pensando que virar mulher de traficante é o único caminho certo, enquanto vira meme na internet.
Papo reto, tem mulher sofrendo feminicídio no morro e nem sabendo que isso tem um nome bonito, tem menina que não sabe o que é o equilíbrio.
Mas de uma feminista para outra, moça que agora me lê, abra seus olhos tem moça com fome, enquanto alimentamos nosso ego.”
Espero que tenham gostado!
@poesiade1minuto