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Blog da Galera: o que é slam e qual a relevância dele para a luta feminina

Gyovanna Cabral, da Galera CH, conta um pouco sobre como é fazer parte de rodas de slam.

Por Da Redação Atualizado em 10 Maio 2019, 19h36 - Publicado em 10 Maio 2019, 13h00

Olá! Aqui é a Gyovanna Cabral e hoje quero falar sobre slam. Você sabe o que é? Slam, ou poetry slam, é uma competição de poesia, geralmente de afronta, que mostra várias realidades diferentes e tem seus juízes escolhidos na hora. São várias competições em diferentes lugares. Os vencedores entram para o slam estadual, que depois entra para o Slam Brasil e pode até competir na França, no mundial.

Eu participando de rodas de slam. Reprodução/Instagram

A poesia dá muita oportunidade para desabafar e tirar pessoas do crime, fazendo-as “subir na vida” e ver que há outros caminhos. Isso é o que é mais mágico. Tem coisas que só saem da gente escrevendo. E poder estar em uma roda, gritando sobre isso com várias pessoas que te entendem e te passam uma energia maravilhosa, é mágico.

Eu participo de rodas de slams faz um tempinho e eu percebi uma coisa: homens se incomodam com mulheres competindo. Uma vez eu estava recitando sobre machismo e aí, no final da apresentação, um homem cumprimentou todos os poetas e passou direto por mim com cara feia (eu era a única mulher e fui a única pessoa que ele ignorou). Pois é, nem sempre consigo ter voz no lugar que me sinto mais confortável para falar. E, é claro, já esbarrei com muito macho nos slams que banalizam o feminismo e acham que minhas pautas sobre assédio e machismo não são importantes.

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Literalmente- Gyovanna Cabral Eu sabia que escrever seria um desafio desde o primeiro riso abafado que ouvi na minha primeira declamação, E ao falar do mesmo assunto, Um outro garoto foi aplaudido, Eu tinha doze anos mas eu já tinha entendido, Homem procurando seus direitos é bom. Mulher com voz não. E daí continuou, Ou você pensa que eu não percebi que depois de falar a verdade eu perdi seguidor? Porque para eles mulher escritora boa é mulher calada fazendo texto de amor. Eu faço um discurso, escrevo um textão para você comentar linda? Sou linda sim, mas acima de tudo sou inteligente, e vê se entende. Beleza não é minha qualidade na frente, E beleza não coloca comida na minha mesa. Deus é mulher, E Jesus o sobrenome de uma. Carolina batalhava para sustentar seus filhos, Catando seus papéis, Escrevendo seus poemas, Aguentando pessoas cruéis. E hoje em dia não tem tanto sucesso, Porque mulher resistente é esquecida nessa sociedade de retrocesso. Não quero ser bonita como as mulheres da televisão, Quero ser linda de morrer pedindo direitos em uma revolução. Hoje eu cresci e admito, Declamo minha poesia para tantos homens e não me intimido. Como se ser escritora não fosse tão difícil, Começou a desvalorização, Aonde editores contratam Youtubers para ganhar dinheiro na mão, Da dó de ver. Aos cumplices do meu desemprego eu lanço um desabafo. Chama esses Youtubers aí que eu ensino para eles o que é escrever. Eles não querem leitores infantis, Querem mentes vazias. E livros de twets enchendo livrarias, Das crianças do YouTube lançando biografias. Há diferença entre livre mercado e desvorização, Com mais livros talvez não teríamos Bolsonaro como presidente da nação. Mesmo com sua falta de ética eu afirmo, A revolução vai ser poética! Clarice Lispector, machado de Assis, Monteiro Lobato e Jorge Amado se afogariam no desgosto por tal ação. Sou mulher e bato de frente, Editoras enxerguem o futuro da literatura tá rimando na rua mudando a vida de muita gente. Saudades literatura nacional, quando a ganância não era o foco principal. . #desvalorizaçaodaliteratura #escrever #escritora #escrita #escrever #ler #literatura #literaturabrasileira #literaturanacional #leia

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Mulheres escritoras muitas vezes são mal encaradas por ter um certo tabu de que mulheres só escrevem sobre amor e desamor. E muitas vezes isso tem que girar em torno de um homem, já que o amor entre duas mulheres não é tão aceito, enquanto duas mulheres se beijando é… Mas a erotização feminina não é assunto para esse texto.

Acontece que isso ocorre com muitas mulheres. O rap é masculino, a poesia de afronta é masculina e mulher, para eles, só serve para escrever sobre amor. Isso dói porque merecemos visibilidade. Eu quero estar batalhando ao lado de um homem e quero ser reconhecida. Quantos slams eu já fui em que TODAS as mulheres, mesmo recebendo nota alta, foram desclassificadas na primeira rodada? É um assunto muito delicado, porque nunca sabemos quando somos desclassificadas por não sermos boas ou porque alguém acha que não somos capazes. Eu aprendi que escrevendo poesias de slam eu nunca poderia ser apenas boa; tinha que ser a melhor, se não eu não passava nem da primeira fase.

Mas, felizmente, hoje nós temos o Slam das Minas e outros saraus dedicados a dar voz a mulher, então não precisamos nos sentirmos deslocadas. Vou fazer uma listinha com alguns slams que conheço para vocês seguirem e colocar para fora um pouco de sentimento. Olha só:

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São Paulo:
Slam das Minas SP
Slam do grito
Slam Resistência

Rio de Janeiro:
Slam das Minas RJ
Slam Poético
Slam nós da rua

Bahia:
Slam das Minas BA
Slam da onça

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Minas Gerais:
Slam clube da luta

E você, tem alguma coisa pra falar? Já foi em algum slam? Conta pra gente!

Beijos,
@poesiade1minuto

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Gyovanna Cabral, da Galera CH, conta um pouco sobre como é fazer parte de rodas de slam.

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