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A troca é válida, claro, mas a discussão não começou hoje. Então, por que as mesmas situações constrangedoras de 20 anos atrás continuam acontecendo?

Por Vand Vieira Atualizado em 22 jan 2022, 11h26 - Publicado em 22 jan 2022, 10h24

Linn da Quebrada, do BBB22, é uma travesti preta. Eu sou um homem gay cisgênero* branco. Vivências diferentes, mas que se encontram em vários gatilhos, traumas e dores. Ela provavelmente já foi chamada de “traveco”; eu com certeza já fui chamado de “bicha” e outros termos que, aos poucos, nossa comunidade está ressignificando.

Rodrigo, pelo que tudo indica, é um homem heterossexual cisgênero branco. Antes de entrar no maior reality show do Brasil, trabalhava como gerente comercial e, dando uma olhada em seu perfil oficial no Instagram, concluí que ele tem total condição de pesquisar e compreender por que chamar uma travesti de “traveco” em 2022 é inadmissível. O que faltou? Interesse. E é sobre isso que eu quero escrever hoje.

Entendo que fatores como idade avançada (por uma questão geracional mesmo) e falta de acesso à tecnologia e informação dificultam o entendimento de questões que, para mim, parecem óbvias. Também não espero que todo mundo saiba tudo. Meu ponto aqui é: se você PODE, tenha pelo menos o básico em mente. Não somos iguais, mas todos fazemos parte da mesma sociedade e merecemos respeito. É nosso dever aprender a respeitar o outro.

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Depois de ter visto esse tipo de discussão em novelas, filmes, séries, documentários, livros, no próprio Big Brother Brasil (!!!) e nas principais redes sociais, é extremamente frustrante assistir à Linn ter que ser paciente e didática com um homem de 36 anos, de classe média (no mínimo), que garante não ter noção de que “traveco” é um termo ofensivo. Ou ainda acompanhar o momento em que Eslovênia, uma estudante de marketing de 25 anos, não respeita o pronome de preferência da artista. Gente, trata-se de uma pessoa que se apresentou a todos no feminino e que literalmente tem “ELA” tatuado na testa!

Já passou da hora de sair da bolha e começar a se interessar (de verdade!) pela realidade de pessoas LGBTQIA+, assim como a de pessoas pretas, gordas, com deficiência… Siga esses criadores de conteúdo, ouça o que eles têm a dizer, informe-se e pratique o mínimo de empatia. Acabar com a trans/travestifobia e a homofobia é uma responsabilidade das pessoas cisgênero/heterossexuais, não nossa.

*Cisgênero é o oposto de transgênero. Ou seja, quem se reconhece na identidade de gênero que lhe foi atribuída no nascimento

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Comportamento
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A troca é válida, claro, mas a discussão não começou hoje. Então, por que as mesmas situações constrangedoras de 20 anos atrás continuam acontecendo?

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