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Assintomáticos transmitem coronavírus: “A questão é saber quanto”, diz OMS

Organização ainda esclarece que pessoas pré-sintomáticas não são assintomáticas, como muitos acreditam

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 10 jun 2020, 19h49 - Publicado em 10 jun 2020, 10h50
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CAPRICHO/Divulgação

Após Maria van Kerkhove, infectologista chefe do programa de emergências da OMS (Organização Mundial da Saúde), declarar na última segunda-feira (8/6), que a transmissão da COVID-19 por pacientes assintomáticos seria rara, Michael Ryan, diretor de emergências da entidade, se pronunciou dizendo que não é para bobear e que pacientes assintomáticos transmitem, sim, o coronavírus: “A questão é saber quanto”.

Paul Biris/Getty Images

A OMS esclareceu a confusão e, em coletiva realizada na terça (9), a infectologista falou que estava se referindo a estudos realizados em situações específicas. “Ambos [sintomáticos e assintomáticos] contribuem para transmissão do vírus. A questão é saber qual é a proporção de cada um”, disse Michael Ryan.

Maria van Kerkhove se desculpou dando a seguinte declaração: “A maior parte das transmissões que conhecemos ocorre por pessoas com sintomas e que transmitem o coronavírus por meio de gotículas infectadas. Mas há um subconjunto de pessoas que não desenvolvem sintomas. Acho que é um mal-entendido afirmar globalmente que uma transmissão assintomática é muito rara [de acontecer], sendo que eu estava me referindo a um subconjunto de estudos”. Em seguida, ela explicou ainda que existe uma diferença entre pessoas pré-sintomáticas e assintomáticas.

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O diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Harvard, Ashish K. Jha, foi um dos especialistas que criticou a declaração da infectologista. Segundo o pesquisador, apenas 20% dos infectados não desenvolvem os sintomas, enquanto outros 80% desenvolvem sintomas leves ou mais severos.

O pesquisador ainda disse que muitos dos pacientes entre esses 80%, quando pré-sintomáticos, espalham os vírus antes de desenvolverem os sintomas. “Tecnicamente, essas pessoas são pré-sintomáticas, não assintomáticas”, explica o equívoco. Assim, uma pessoa pré-sintomática é aquela que desenvolverá os sintomas em breve, enquanto um assintomático nunca chega a ter sintomas.

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Trechos da declaração ambígua da chefe do programa de emergências foram utilizados por aqueles que criticam o isolamento, como o  presidente Jair Bolsonaro, que usou o pronunciamento para defender uma “abertura mais rápida do comércio”.

Durante a coletiva realizada na última terça-feira, Michael Ryan defendeu a importância da testagem e da quarentena. “Mesmo sem dados exatos sobre a transmissão, vários países do mundo já mostraram que, quando fazemos isso, suprimimos o contágio”, explicou, ressaltando a necessidade de uma boa vigilância para reabertura. 

No Twitter, Maria reforçou sua declaração corrigida e a importância das medidas básicas para evitar a transmissão do vírus.

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