No Dia Nacional dos Animais, comemorado todo 14 de março, nos deparamos com notícias que não merecem ser celebradas, mas discutidas. A primeira delas diz repeito a um projeto de Lei aprovado por alguns vereadores do município de Quaraí, no Rio Grande do Sul. De acordo com o texto oficial, animais de rua poderiam ser sacrificados quando apesentassem riscos para a população sem precisar de nenhuma autorização para isso. Além disso, pessoas que alimentassem cachorros abandonados, por exemplo, receberiam uma multa.
O projeto estava dependendo da aprovação do prefeito Ricardo Gadret (PTB), contudo o Ministério Público considerou o o texto ilegal e em desacordo com a legislação. O prefeito de Quaraí foi contra esse posicionamento e disse que o projeto foi mal interpretado, pois os animais seriam sacrificados só em casos extremos e com o aval de um veterinário. Mas que casos seriam esses? Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde, realizada em 2014, o Brasil têm mais de 30 milhões de animais abandonados. Não deveríamos então dar atenção a esse número gritante ao invés de tentar diminuí-lo com um medida grotesca? Conscientizar as pessoas e não ensina-las a resolver “problemas” matando?
A segunda notícia triste do dia é sobre a nova coleção da marca Animale, que, durante o São Paulo Fashion Week, que está rolando em São Paulo, apresentou diversas peças produzidas com pele de píton, de acordo com matéria publicada pela Folha De São Paulo. Essa espécie é caçada e comercializada ilegalmente principalmente na Malásia, na Indonésia e no Vietnã. Em 2012, a Ásia exportava cerca de 500 mil peles de píton por ano. Hoje, o número se mantém estável, o que é bastante preocupante. Estudiosos dizem que a tendência é que a estimativa cresça, já que o comércio tende a aumentar cada vez mais. O lucro com a venda de pele de cobra para produção de roupas, bolsas e sapatos é grande, e a nossa empatia por esse animal, muitas vezes, é pequena, o que faz com que muitos ignorem esse cenário de pura crueldade.
A mesma coisa acontece com os tubarões, animais incompreendidos por muitos humanos, que os consideram verdadeiras “máquinas mortíferas”. Para se ter uma ideia, mais pessoas morrem caindo de árvores ou se afogando em banheiras do que sendo mortas por tubas. Em contrapartida, só no Brasil, em 2012, foram mais de 7,7 toneladas de barbatanas apreendidas em Belém, no estado do Pará. Até 2016, eram mais de 100 milhões de tubarões mortos anualmente no mundo. A principal causa é o comércio ilegal de barbatanas, iguaria utilizada em sopas vendidas a preços caríssimos na Ásia e na Austrália.
É claro que depois de toda essa conversa, é impossível não se lembrar de marcas de cosméticos que ainda testam produtos em animais. Muitas vezes, acabamos nos solidarizando mais e canalizando maior energia em proteger bichos que estão mais próximos da gente e são considerados de estimação, como cães e gatos, quando não devemos nos esquecer também dos animais selvagens, que sofrem diariamente com a caça ilegal e que não são menos dignos de nosso ativismo.
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