Alunas da rede pública em São Paulo agora vão receber absorventes de graça
Por ano, 14 milhões alunas faltam às aulas durante o período menstrual no Brasil
O projeto que torna lei o programa Dignidade Íntima foi aprovado na última terça-feira (15) pela Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). O objetivo é distribuir itens de higiene menstrual – como absorventes e coletores menstruais – para as alunas que frequentam a redes públicas de ensino na cidade de São Paulo.
As emendas apresentadas no projeto garantem não só a distribuição de absorventes, mas também coletores menstruais reutilizáveis, lenços de limpeza e outros produtos, buscando educar e dar opções para as estudantes das Etecs (Escolas Técnicas) e Fatecs (Faculdades de Tecnologia).
Além disso, a iniciativa pretende conscientizar sobre a pobreza menstrual, promovendo debates sobre saúde feminina.
“O projeto previa a disponibilização apenas para as escolas estaduais e a emenda acatada por essa Casa avança ao garantir que as alunas do Centro Paulo Souza possam ter acesso aos absorventes menstruais e à dignidade. Já a emenda dos coletores permite que elas tenham mais opções, dando dignidade para essas alunas”, disse a deputada estadual Marina Helou (Rede), na tarde em que a medida foi aprovada.
O programa será veiculado com a Secretaria de Estado da Educação, e tem a intenção de orientar profissionais da educação e alunos, pois é um assunto que impacta o desenvolvimento escolar. Agora, o projeto segue para sanção ou veto do governador João Doria (PSDB). A aprovação de projetos como esses, são alguns dos passos necessários para combatermos a pobreza menstrual, que é um grave problema no Brasil todo.
Pobreza menstrual e evasão escolar
O problema é uma das principais causas de evasão escolar, sendo que 2,9 milhões de estudantes do Ensino Fundamental, Médio ou Superior com 16 anos ou mais são afetadas por ele, conforme pesquisa divulgada pela Always e realizada pelo Instituto Locomotiva.
Esse número implica em outro extremamente preocupante: são 14 milhões de faltas anuais computadas de estudantes que, durante a menstruação, não têm condições de irem para o colégio.
Na maioria das vezes, a razão é a falta de itens básicos de higiene, como absorventes descartáveis, para lidar com o período menstrual de maneira digna. O levantamento, que ouviu 1040 mulheres de 16 a 50 anos que menstruam, mostra que 77% das brasileiras já precisaram recorrer a itens alternativos para estancar o sangue.
Os mais usados são o próprio papel higiênico, miolo de pão, toalhas de pano, roupas velhas, meias e sacolas de papel, como aquelas usadas em padarias.